As eleições de 30 de Janeiro foram penosas para a Direita. Como se isso não bastasse, o PSD, que ainda é o do dr. Rio, aliou-se ao PS absolutista no Parlamento para boicotar a evidência do voto popular.
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Só deixaram "passar" os ungidos de ambos para a mesa da Assembleia da República, recusando os vice-presidentes propostos pelo "Chega" e pela "Iniciativa Liberal", respectivamente, o terceiro e o quarto partidos mais votados nas urnas. O resto, os secretários e uma vice-presidente, são velhas relíquias parlamentares dos dois partidos, que alternam com uns novatos sem história.
Augusto Santos Silva, uma espécie de "hub" ministerial do PS - serviu a Guterres, Sócrates e Costa, com equanimidade, em quatro ou cinco pastas distintas -, passou a segunda figura do Estado. Apesar de tudo, mais estruturado que o antecessor e a milhas da dra. Edite que nos ameaçou com essa ambição, cortada cerce por Costa. Não morro de amores pelo "Chega" e, muito menos, pelo partido do sr. Cotrim. Mas estes factos são elucidativos do que nos espera.
O regime dá ares de apenas aceitar os novos partidos, e a respectiva representação parlamentar com todo o cortejo de direitos que advém de serem terceiros e quartos, se "subirem" um bocado mais. Acresce que a fofura "liberal" descansa qualquer socialista mais empedernido. São praticamente "da casa". E só não foram para a mesa com os outros porque os PSD embirraram. O PS, pela voz do seu novo líder de bancada, o antigo "segurista" Brilhante, deixou bem clara a solidariedade com Cotrim.
Ora nesta mediocridade anunciada da nova legislatura, julgo que o CDS faz falta. Não me refiro especificamente aos últimos eternos moicanos liderados pelo sr. Telmo Correia. Tenho antes presente o partido fundador do regime demo-liberal de Abril de 1974 que, em menos de dois anos, e com a hostilidade mediática interna e externa, Francisco Rodrigues dos Santos procurou restaurar em dias. Esse CDS soçobrara muito antes, em Julho de 2013, com o episódio "irrevogável" protagonizado no governo de Portugal.
Só o prestígio moral e político de Pedro Passos Coelho evitou o pior. Gostava, todavia, de ter esse CDS de volta. Por isso, desejo fortuna ao novo líder do CDS que, estou certo, sabe o que o espera. Nunca a Direita foi tão incerta em Portugal, nestes quase 50 anos, sob o poder absoluto de uma maioria e de um governo sem qualidades. E com o PSD nesta anomia. Nunca iremos precisar tanto da Direita parlamentar, e extraparlamentar, como agora.
*Jurista
(O autor escreve segundo a antiga ortografia)