Há cada vez mais gente que se proclama de Direita e isso é bom. Ser de Esquerda não é uma virtude por contraponto a ser de Direita, como durante décadas se "vendeu" na maioria das redações, com honrosas exceções, como a Rádio Renascença ou "O Independente", para falar apenas dos exemplos mais claros e mais duradouros.
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Houve um tempo, demasiado tempo, em que era comum ouvir jornalistas afirmarem-se de Esquerda e ser uma espécie de tabu afirmar que se era de Direita. Hoje a opinião também se faz nas redes sociais e a liberdade aumentou, fazendo com que a opinião da Direita tenha crescido de importância. Ainda bem!
A questão é que, na onda, também os radicais à Direita crescem como cogumelos. Qual zombies, multiplicam os disparates, refazem a história e apostam tudo em tomar o PSD de assalto, reclamando um ADN que existiu apenas, e de forma disfarçada por imposições da troika, no consulado de Passos Coelho. No sábado saiu-lhes o tiro pela culatra. Não é por Rui Rio ter ficado à frente de Montenegro e de Pinto Luz, porque verdadeiramente eles não se reveem em nenhum destes candidatos. Gostavam que o anterior líder pudesse regressar ou que, em alternativa, Miguel Morgado tivesse tido condições de avançar. O problema não é a resistência de Rio, é a confirmação de que os militantes do PSD não se querem meter em aventuras, entregando o partido a populistas que se vendem como liberais, mas o que querem é impor a sua visão de sociedade a toda a gente. Parece que vivem apenas para ser antissocialistas, mas querem é controlar a máquina do Estado e dar a si próprios o poder que criticam no PS.
Luís Montenegro também não lhes serve. Na lógica deles, falta-lhe "pedigree". Não é um predestinado, nem um supremacista, não se vê pertencente a um grupo melhor que todos os outros. Esta gente não está sequer maioritariamente inscrita como militante do PSD, mas querem mandar, estar fora, mas puxar os cordelinhos. Ainda assim, foi em Montenegro que apostaram e estão convencidos de que perderam a aposta. Há hoje um órgão de Comunicação Social que se afirma de Direita e antissocialista, mas que continuará a divulgar a opinião mais radical contra o PSD, simplesmente porque não suporta que tanto investimento não tenha servido para correr com Rui Rio da liderança do partido.
A esta Direita que se agita talvez lhe fizesse bem pensar que a segunda volta das diretas do PSD são outras eleições. Rui Rio não parte com 15 301 votos e Luís Montenegro com 12 767. Ambos partem com zero, porque ninguém sabe hoje quem vai votar no próximo sábado, Montenegro ainda pode ganhar.
*Jornalista