<p>Sócrates decidiu falar de economia, utilizando o debate quinzenal para tirar da cartola mais uma daquelas medidas que, em boa parte dos casos, só meses depois se percebe ser uma "mão-cheia de nada". Os actos de propaganda são o ADN do Governo e o primeiro-ministro pensa que basta um discurso de confiança para que o PIB pule e avance ao sabor dos seus desejos. A verdade é que, desta vez, o momento escolhido para falar do relançamento da economia não podia ser menos adequado. De facto, no dia em que Sócrates lançava foguetes a anunciar o "el dorado" para a economia do país, instituições diversas reviam as suas previsões e anunciavam que a estagnação pode muito bem ser o horizonte mais provável da actividade económica em Portugal.</p>
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Mesmo antes da Semana Santa, todos sabíamos já que as previsões do Governo eram medíocres, com um crescimento de 0,7% e uma quebra do investimento de -0,8%! Só que, no momento em que Sócrates se preparava para distribuir amêndoas de ressurreição económica no Parlamento, o Banco de Portugal estragou-lhe a Páscoa e cortou quase para metade o crescimento, (0,4%), e para um nível oito vezes inferior o investimento em 2010 (-6,3%)! Para estragar definitivamente o festim quinzenal do primeiro-ministro, conheceram-se também os números do desemprego em Fevereiro (10,3%), a superar a média comunitária e a confirmar o agravamento de um drama social que é a consequência primeira da continuada quebra ou estagnação económica do nosso país.
Há que mudar orientações, reforçar o investimento, defender as PME, valorizar os salários e fomentar a procura interna, combatendo a dependência do país. Há que rever urgentemente as políticas de estagnação do PEC que podem conduzir o país ao desastre económico e social.
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