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Passado o suplício da disfuncionalidade do Portal das Matrículas, que levou o Ministério da Educação a adiar por três vezes o prazo para a realização das matrículas e a pedir desculpa aos encarregados de educação, já à beira de um ataque de nervos, deixando às escolas trabalho acrescido (a lidar com a plataforma E360 também inoperacional), a semana passada foi pontuada por anúncios relativamente a algumas alterações (tímidas) sobre a avaliação externa.
Rebatizadas, as provas de aferição (agora Provas de Monitorização das Aprendizagens - ModA) assumem nova roupagem, mas mantêm a mesma finalidade e o mesmo defeito capital: não contam para a classificação final do aluno.
Perdeu-se uma excelente oportunidade para corrigir o que está mal, abonando esta avaliação à boleia das alterações anunciadas: registo da nota, expressa de 0% a 100%, na ficha individual do aluno. Tão poucochinho!
Sem a alteração-mãe ser concretizada, sendo o impacto nulo para os alunos, os encarregados de educação e os discentes continuarão a não valorizar este instrumento de avaliação externa, malgrado o esforço persistente das escolas, que apontam os resultados e o desempenho como fundamentais. Se as provas finais de 9.o ano e os exames do Secundário têm reflexos no percurso escolar dos alunos, as provas ModA pouco ou nada acrescentam a quem as realiza. Pena!
A intenção (pretendida como certeza duradoura) de dotar os alunos de meios de trabalho que lhes permitam a familiarização com os computadores que utilizarão na realização das provas digitais é positiva. Se, em maio, mais de 13 mil alunos (somente) do 9.o ano de escolaridade não tinham o kit digital, é premente que no dia 12 de setembro, data do arranque do ano letivo, este material indispensável esteja atribuído a todos os alunos. Vão a tempo?
A Educação não pode ser volátil, navegando ao sabor das correntes políticas no poder, pese embora a legitimidade que se lhes reconhece para tal. A previsibilidade e a estabilidade do sistema educativo deveriam ser imunes à alternância democrática, pois fica, uma vez mais, comprometida uma continuidade vital, antevendo-se nova mudança, do que agora se altera, quando o Governo for de outra cor política.
Neste caso particular, as principais fações partidárias até concordam com a aferição dos alunos, embora em anos de escolaridade diferentes. Não é possível “acordar” na inalterabilidade de temáticas importantes, através da celebração de um pacto na Educação ou um acordo de regime?