Lula da Silva tomou posse, outra vez, como presidente do Brasil. Ontem, prometeu devolver a democracia e a dignidade ao povo brasileiro. Antes, o operário metalúrgico chegara ao Palácio do Planalto para dar corpo a uma quase utopia. Desapontou, é certo, muitos no Brasil e pelo Mundo que acreditaram ser possível uma nova realidade social e política. Mas os escândalos em que o Partido dos Trabalhadores se envolveu, é preciso dizê-lo, levariam a esse desfecho.
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É comum acontecer tal situação, quando aqueles que elegemos como nossos representantes viram as costas a quem lhes passou um mandato de confiança. Aconteceu assim no Brasil. E o resultado foi catastrófico: a eleição, há quatro anos, de um inacreditável Jair Bolsonaro, tantas vezes visto como uma caricatura. E assim será sempre que os eleitos passam a servir os seus próprios interesses, ou de grupos à sua volta, e esquecem os cidadãos.
O populismo, caminho aberto para regimes mais ou menos autoritários, floresce um pouco por todo o lado. Do Brasil, aos Estados Unidos, sem que a velha Europa lhe escape. Em tempo de promessas de Ano Novo, sempre tão otimistas e promissoras, não basta acenar com bandeiras já gastas, repetidas. A realidade mostra outra coisa: uma espécie de elite a prosperar à volta do poder, completamente alheada da real vida do país. Dessa elite saem os que transitam de cargo para cargo, de empresas para o Governo, do Governo para entidades públicas, daí para o Parlamento -, pequeno enxame à procura do néctar que o comum dos cidadãos não sonha sequer vislumbrar.
Não é por isso que deixa de tomar consciência do fosso que o separa de quem o governa. E, isso sim, é mortífero. Para a democracia.
*Editora-executiva-adjunta