Há precisamente quatro décadas, um ano depois da escolha desta data para o Dia Mundial da Dança pelo Comité Internacional da Dança (CID) da UNESCO, celebrando o nascimento de Jean-Georges Noverre, era fundada a Escola Superior de Dança do Instituto Politécnico de Lisboa (ESD - IPL) com o objetivo de formar criadores, intérpretes e docentes especializados em dança.
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Os resultados do trabalho então iniciado podem atualmente ser observados e comprovados à luz do que temos no país: Uma rede nacional consistente de escolas do ensino artístico especializado em dança e um conjunto de centros de criação que se afirma em todo o continente e ilhas.
O maior contributo da ESD foi, declaradamente, formar através da dança e para a dança pessoas que instalaram integraram companhias em todo o território nacional, tornando visível - para qualquer um que percorra e estude o país - o impacto e amplitude em consequência da existência desta instituição.
Professores, intérpretes, coreógrafas e coreógrafos, profissionais do espetáculo - estão praticamente presentes em todas as companhias e escolas dedicadas à arte que hoje celebramos.
O sistema de ensino que hoje qualifica Portugal é, em grande medida, consequência benévola da fundação da Escola. Recebemos estudantes formados em mais de cinquenta pontos do país e vemos as nossas diplomadas e diplomados desenvolverem projetos profissionais não apenas em todas as regiões do país mas também, crescentemente, ao nível europeu.
Somos um reflexo da demografia portuguesa na hora de recrutar e no momento da sua integração no meio artístico. Colaboramos na investigação e formação com os nossos pares dos Politécnicos e das Universidades, nomeadamente, em programas de doutoramento e temos uma relação fecunda e direta com todos os níveis de ensino. Com uma oferta formativa agora reforçada com um novo Mestrado em Criação Coreográfica e Práticas Profissionais, destinado a profissionais do setor.
Somos o espelho de um país que se qualifica. Destes 40 anos de existência, apenas 23 foram-no com espaço próprio (1995-2018) no Bairro Alto, encontrando-se, atualmente, o imóvel em processo de alienação visando, com o encaixe resultante da sua venda, a construção tão desejada de novas instalações no campus do IPL em Benfica.
A realização dessas obras é indispensável para que não cheguemos a uma altura em que seja possível afirmar que metade da história desta instituição ocorreu sem instalações físicas próprias. E a análise das itinerâncias passadas permite levantar uma questão: Se os resultados da existência de uma Escola Superior de Dança são francamente positivos, o que se poderia ter atingido em condições normais no que toca aos equipamentos e meios materiais?
Atualmente, as cerca de cem criações anuais realizadas por estudantes e docentes da Escola Superior de Dança são apresentadas em concelhos como Viseu, Leiria, Torres Vedras, Mafra, Cascais e Amadora, para além de Lisboa.
Hoje mesmo, com o intuito também de celebrar este Dia Mundial da Dança, apresentaremos espetáculos protagonizados por estudantes no festival Metadança em Leiria e na Fábrica do Braço de Prata em Lisboa, no âmbito de um projeto de Investigação, Desenvolvimento, Inovação e Criação Artística financiado pelo próprio IPL, com coreografias de João Fernandes e Amélia Bentes, respetivamente. E sobem também a palco criações de alunas e alunos no Palácio Baldaya em Benfica. Neste dia, celebramos o presente da dança. E continuamos a investir no seu futuro.
*Diretor da Escola Superior de Dança