Numa época em que se escolhem as palavras do ano, há uma que porventura não será selecionada, mas que está bem presente em cada um de nós. Esperança. Provavelmente, o termo já fazia parte dos nossos desejos no arranque do ano que agora termina, mas a realidade sanitária, política, económica e social transformou a crença emocional numa dura perseverança.
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Perseverança para lidar com a covid, perseverança para cumprir regras e as recomendações, perseverança para entender quem as comunica, perseverança para as descodificar. Ontem, uma vez mais, as autoridades de Saúde falharam. Falharam num dos momentos mais críticos e importantes na gestão desta pandemia. Se, desta vez, não fomos dos últimos países a responder às necessidades impostas pela pandemia (e fomos tantas vezes), o anúncio da redução do isolamento de casos positivos assintomáticos e contactos de alto risco para sete dias merecia maior cuidado. Até por ser uma boa decisão. A Direção-Geral da Saúde emitiu e publicou um comunicado pobre. Um comunicado seco de três parágrafos.
Pedia-se mais. Pedia-se o mínimo. Pedia-se que, no momento de um anúncio com uma repercussão gigantesca face ao número crescente de infetados, todos os portugueses pudessem ficar esclarecidos até à última dúvida. A diretora-geral da Saúde preferiu responder a algumas questões num pingue-pongue de declarações televisivas. Deveria tê-lo feito numa conferência de imprensa, para todo o país, e responder a todas as questões colocadas.
Chegamos, portanto, a mais um final do ano com esta estranha sensação de que já vivemos tudo isto. Hoje a esperança é a mesma. Só muda o foco. Esperança de que alguém do outro lado da linha atenda o telefone, esperança em marcar um teste sem ter uma dor de cabeça. Esperança de conviver com o vírus sem nos transformarmos num avatar de um qualquer metaverso deste Mundo.
*Diretor-adjunto