O Dia da Europa comemora-se hoje. Os motivos para a celebrar vêm em queda contínua, proporcional ao desânimo instalado nas almas e nas mentes de todos quantos acreditaram que um dos mais belos projetos políticos jamais desenhados perduraria sem dor para todo o sempre. Tristemente, estavam, estávamos enganados.
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Há provas vastas deste equívoco e respetivas consequências nas vidas do povo europeu. A hierarquia dos problemas dependerá sempre da sensibilidade de cada um, mas parece lícito considerar que no top das desgraças estará sempre o desemprego, sobretudo aquele que afeta os mais jovens (idades compreendidas entre os 15 e os 24 anos). Trata--se de um vulcão cujas erupções são de intensidade e gravidade cada vez maiores. É cegueira não querer ver o que está à nossa frente.
Podemos começar pelo caso português. Há 165 mil (sim: 165 mil!) jovens sem trabalho no nosso país, o que corresponde a uma louca taxa de 38,7% (dados de 2012). Na última década, o valor quadruplicou. Podemos seguir para a Europa a 27. O gabinete de estatísticas da União Europeia contabilizou, em março deste ano, 5,7 milhões de jovens sem emprego. Podemos juntar os 26 milhões de jovens com idades entre os 15 e os 24 anos que não têm emprego nos países desenvolvidos (OCDE). O número cresceu 30% desde 2007. E podemos concluir com os números da Organização Internacional do Trabalho: 75 milhões de jovens em todo o Mundo à procura de emprego.
As economias estão paradas, logo a criação de emprego é baixa. A idade da reforma é cada vez mais alta, logo a substituição de gerações faz--se a um ritmo cada vez mais lento. As habilitações dos jovens são cada vez melhores, logo não há dinheiro para lhes pagar devidamente. E por aí fora: o rol de causas é gigante. Mas chega pôr a economia a andar? Ajuda, mas não basta. Espanha é a prova: antes da crise já o desemprego era elevado.
O que fazer, então? Uma varinha mágica dava jeito, mas, à falta dela, talvez apostar na reforma do mercado de trabalho (tornando-o menos rígido) e dar um impulso à produção de conhecimento (quem abandona prematuramente o ensino tem o dobro das hipóteses de não conseguir emprego, quando comparado com aqueles que acabam os estudos).
Verdade que são também cada vez mais os licenciados sem emprego. A Alemanha resolveu o problema diminuindo a distância entre o "mundo da educação" e o "mundo do trabalho". A Dinamarca não abre novos cursos sem prévia articulação com o tecido empresarial e social. São exemplos. Haverá outras saídas. Convém buscá-las. Ou isso ou pôr a malta a vender pipocas nos cinemas. Sempre se ganham 100 euros por mês. Chamar Europa a isso é que já não será muito apropriado...