Poucas horas antes de o zumbido dos mísseis voltar a rondar a Embaixada dos Estados Unidos no Iraque, Donald Trump declarou-se tranquilo ao país e ao Mundo.
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"Tudo bem", na perspetiva do presidente norte-americano. Apesar da relação tumultuosa que Donald Trump desenvolveu com a verdade, admito que é tentador acreditar que, por uma vez, é bem capaz de não estar a enganar ninguém, se associarmos a abertura de fogo contra um dos heróis do Irão às eleições para a presidência dos EUA, que se realizam em novembro.
A história, neste caso, repete-se e até podia virar-se contra o próprio Trump, depois de este ter criticado Obama por ataque idêntico na aproximação a um ato eleitoral. O problema é que a memória dos eleitores, na América como em todas as latitudes, costuma ser curta, pelo que o golpe de política externa tem tudo para ser bem sucedido internamente.
Mais do que a legitimidade dos iranianos para alimentarem o programa nuclear ou a dos vizinhos para reforçarem posições, mais do que as flutuações do preço do petróleo ou o esfregar de mãos da indústria do armamento, importa mesmo é refletir sobre até quando a estabilidade do Médio Oriente será comandada pelo calendário da política interna dos Estados Unidos.
Na comunicação de ontem, Donald Trump sugeriu um maior envolvimento da NATO naquela zona tumultuosa do globo, chamando as potências europeias aliadas ao conflito. Efetivamente, acredito que a solução para a instabilidade pode bem passar pelos países do Velho Continente, o que não significa que a Aliança Atlântica seja a única via. Apesar da saída iminente do Reino Unido e de não possuir um exército comum, a União Europeia pode e deve ter um papel importante na obtenção da paz no Médio Oriente, mas isso parece ser tudo o que Donald Trump não deseja. Esperemos que o líderes europeus tenham opinião diferente.
*EDITOR-EXECUTIVO