Nos passados dias 7 a 9 de junho, a HIMSS23-European Health Conference & Exhibition reuniu em Lisboa a nata dos pensadores e dos fazedores mundiais da saúde digital, em particular dos europeus.
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O Health Cluster Portugal orgulha-se de ter colaborado ativamente na organização desta iniciativa de invulgar qualidade e os que nela participámos não pudemos deixar de reconhecer uma sensação de estar a viver história.
Foi muito clara a mensagem que perpassou ao longo dos três dias, e que validei com os muitos com quem pude trocar impressões: estamos no momento de viragem, estamos a infletir rumo a uma implementação generalizada e massiva na saúde da fantástica tecnologia que está disponível e cada vez mais madura nos domínios da digitalização, da utilização dos dados e da inteligência artificial.
Nada será como dantes!
Isto foi muito claro nos depoimentos e nas intervenções da multiplicidade de atores desta mudança que estavam presentes. Atores, decisores e fazedores, do lado dos governos, das empresas e das universidades, dos já muitos países que assumiram este como o grande desafio da saúde.
Desafio que simultaneamente é uma inevitabilidade e uma tremenda oportunidade. Inevitabilidade, uma vez que, ou definitivamente damos este salto tecnológico, ou os sistemas de saúde, tal como os conhecemos hoje, colapsarão muito em breve. Uma tremenda oportunidade porque a tecnologia, a que está já e que vai estar em cima da mesa, vai trazer um manancial de facilidades e funcionalidades, onde destacaria o permitir ganhos relevantes na humanização da prestação de cuidados em consequência da libertação dos médicos e dos outros profissionais do atual enorme peso burocrático.
Por paradoxal que possa à primeira vista parecer, e por muito que perturbe os velhos do Restelo de serviço, é nesta dimensão de mais humanização, mais sensibilidade e mais felicidade que temos, com toda a legitimidade, de ambicionar maiores ganhos com esta mudança de paradigma. Foi clara esta linha nas muitas e muito qualificadas sessões que tiverem lugar nestes três dias.
Num outro registo, foi também possível confirmar o nosso potencial nesta caminhada para uma nova saúde. Portugal tem, e a amostra de empresas presentes na exposição evidenciou a quem ainda poderia ter algumas dúvidas, competências firmadas nesta área.
Estamos, por mérito próprio, apesar de alguns custos de contexto que bem podiam, e julgo que ainda podem, ser evitados, nas primeiras linhas da grelha de partida. Estamos também integrados num movimento que se começa a desenhar de uma abordagem europeia nestes domínios.
Ao nosso sucesso, ajudaria muito, desta vez, apostar numa articulação estrategicamente orientada, assumindo as empresas e a dinâmica empresarial como linha avançada e motora. Ainda vamos a tempo de evitar aqueles assomos messiânicos, que nos momentos-chave nos assolam e que tanto nos têm custado, de colocarmos o estado e as estruturas públicas a brincar ao empreendedorismo. Bacoco, na generalidade dos casos.
*Diretor-executivo do Health Cluster Portugal