No domingo, a festa do futebol far-se-á em cores vermelhas, qualquer que seja o resultado. Por diferentes razões, a final da Taça disputada entre o Sporting de Braga e o Benfica está envolvida em enormes expectativas. Para lá do resultado, há um elemento sensível: os ajuntamentos. Que devem ser evitados a qualquer custo. A bem da saúde pública.
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Mesmo um sportinguista não terá decerto dificuldade em reconhecer que os festejos da conquista do título do campeonato nacional foram muito para lá do admissível, se tivermos em conta que vivemos sob restrições. Ainda que o número de infetados por SARS-CoV2 seja hoje relativamente baixo em Portugal, o vírus continua entre nós e a imunidade de grupo ainda está por alcançar. Por isso, o desconfinamento está a ser feito de forma progressiva, regulando-se com muita precaução os ajuntamentos no espaço público. Ora, estas regras parecem não combinar com festejos futebolísticos. O desporto faz-se de emoções e as vitórias de abraços e euforia. Mas isso, em tempos de covid, tem de ser travado para impedir que cadeias de transmissão façam o seu caminho e venham depois a provocar decisões mais drásticas.
No domingo, a festa da Taça não poderá ser como as anteriores, nem tão-pouco se deverá repetir o que aconteceu em Alvalade. Há, pois, alguns cuidados prévios a ter. Enunciemos três.
É preciso impedir a colocação de grandes ecrãs no espaço público. Uma multidão a ver um desafio de futebol em espaços abertos tende a adensar-se em poucos minutos e a agitar-se sem controlo no fim do desafio. É normal, mas, neste contexto, não pode acontecer.
É igualmente importante, de hoje até domingo, convencer as pessoas a ver o jogo em pequenos grupos para que as bolhas de contacto permaneçam, de certa forma, controladas. No domingo, a Polícia tem de desenvolver, desde cedo, uma ação pedagógica sobre eventuais ajuntamentos e travar logo a formação de multidões.
Com diretos permanentes durante todo o dia, os canais de televisão terão uma influência decisiva no número de pessoas que estará nas ruas. Que não voltemos a ouvir repórteres no terreno a naturalizarem grupos de adeptos em grande agitação. Em tempos pré-covid, as tribos futebolísticas estavam justificadas, hoje é preciso reconfigurar esses clãs em grande alvoroço e em estreito contacto físico.
Que domingo se faça a festa de futebol em espaços dispersos, em grupos pequenos, de preferência em família, e em festejos que tenham sempre em conta a saúde pública. E que ganhe o melhor!
*Prof. associada com agregação da UMinho