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O passado domingo marca mais uma etapa da consolidação do processo democrático português, com a realização de eleições para as autarquias locais. As câmaras municipais e juntas de freguesia são o que há de mais próximo dos cidadãos, no exercício do poder em democracia, modelo que, pesem as suas vicissitudes, acreditamos ser aquele que nos permite uma convivência mais participativa e saudável enquanto sociedade.
Em especial nos municípios mais pequenos e menos populosos, o presidente de Junta ou de Câmara é sempre a primeira frente de apoio direto às necessidades ou ocorrências com um cidadão ou família. Do ponto de vista social e educativo, o poder local representa na maioria das vezes a presença do Estado junto de cada um de nós. E isso legitima de forma indelével as lideranças locais, em que as pessoas marcam e fazem a diferença. Por isso mesmo, em cada quatro anos, somos muitas vezes surpreendidos com resultados que numa primeira análise nos parecem inesperados, porque fogem ao padrão habitual mais previsível dos atos eleitorais nacionais. Tal significa que a consciência individual do voto para uma autarquia assume uma expressão democrática única e insubstituível. A discussão sobre um modelo intermédio de poder, dito regionalização, é imperativa para a projeção do nosso futuro como país. Os casos das autonomias regionais, a par de exemplos europeus, devem animar um debate sereno sobre um tema estratégico. A interligação direta com um poder regional poderá constituir uma alavanca mais forte para a expressão plena do poder autárquico. Com um escrutínio democrático mais próximo do sentir de cada território, dito região.
Finalmente, a minha cidade, o Porto, onde tivemos o dilema de ter bons candidatos a lutar pela vitória. A minha opção foi pública, com a consciência de que a alternativa também era muito digna. Como se confirmou na noite das eleições.

