Corpo do artigo
Alexis Tsipras publicou no Twitter fotografias do encontro de chefes de Estado e de Governo e de líderes socialistas europeus, reunidos sábado no Palácio do Eliseu, a convite do presidente francês François Hollande.
Como legenda escreveu: "Em Paris contribuindo para a construção de compreensão entre as forças progressistas e para a criação da muito necessitada aliança".
De sublinhar no registo, a presença de António Costa em conversa com o primeiro-ministro grego, contrastando com a pose dos restantes convivas, perfilados para a ocasião.
Sucede que na véspera, a fotografia era outra. Do lado de Alexis Tsipras estavam Marisa Matias e responsáveis do Partido Comunista Francês. E a legenda foi:
Em Paris com @CNPCF (Partido Comunista Francês) "A Europa está partida entre austeridade e o encerramento de fronteiras".
Uma imagem vale por mil palavras. Várias imagens, ilustradas por palavras, equivalem a um tratado.
No caso, ficou a saber-se várias coisas.
Que Alexis Tsipras é comunista, ou socialista, dependendo do dia.
Que o parceiro português de preferência do Partido Comunista Francês não é o homólogo PCP, mas sim o BE.
Que o parceiro grego de preferência do Partido Socialista francês não é o Pasok, Movimento Socialista Pan-Helénico, membro do Partido Socialista Europeu e da Internacional Socialista, mas sim o Syriza, coligação de Esquerda radical nascida de uma amalgama de 13 partidos de extrema-esquerda.
E que dependendo das conveniências vale qualquer mancebia, porque qualquer coisa serve de parceiro.
O problema é que, para mal dos nossos pecados, o cenário inspira medo. E não é pouco.
Depois da geringonça cá, a geringonça lá.
Depois da aliança do PS com o PCP e BE aqui, a aliança com o Syriza na Europa.
Depois do poder penhorado por António Costa a Catarina Martins e Jerónimo de Sousa na Assembleia da República, o aval de Alexis Tsipras fora, à frente das forças ditas progressistas, seja lá o que isso for.
Em janeiro de 2015 António Costa dizia:
"A vitória do Syriza é um sinal de mudança que dá força para seguir a mesma linha".
E os jornais titulavam que "O sol voltou à Grécia" e "A Grécia não mais se curvará à vontade dos credores".
Um ano depois, o Governo do Syriza privatizou empresas públicas, aumentou as contribuições sociais como nenhum outro e a par de muitos cortes, as pensões sofreram reduções de 30%. A Grécia está na rua - três greves gerais desde setembro - e dissidentes acusam Alexis Tsipras de ter vendido a "alma ao poder".
Imagine-se agora que tinha sido a Direita...