As necessidades dos doentes contêm várias dimensões. É verdade que o principal propósito é a procura do diagnóstico e da cura para a doença. Querem saber o que é, como se trata, como evolui. Nalgumas situações buscam apenas o alívio do sofrimento, seja ele físico ou mental.
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Possuímos equipas clínicas altamente diferenciadas e especializadas, que utilizam a mais sofisticada tecnologia e complexos sistemas de informação. Mas a humanização no cuidar, a compaixão, a empatia, a dignidade no fim da vida é algo que os equipamentos médicos ainda não conseguem substituir.
Por isso é importante valorizar as questões menos visíveis, mas mais humanas. E na azáfama das rotinas, na pressão da procura, na loucura dos ritmos hospitalares, tendemos a esquecer. É ao óbvio, por vezes, que damos menos atenção.
Nesse sentido, o regulamento interno do Hospital de São João consagrava a existência da figura do Provedor ao qual, de forma graciosa, competia ouvir e dar voz aos doentes e às suas famílias, identificar as dificuldades e necessidades, e propor iniciativas para a melhoria na prestação de cuidados, em articulação com o serviço de humanização.
Não era uma caixa para reclamações, não substituía o gabinete do cidadão, mas complementava e tinha uma intervenção definida.
E assim, ao fim de 62 anos de atividade, no dia do seu aniversário, o Hospital São João nomeou, pela primeira vez, um Provedor do Doente, D. Américo Aguiar.
Foi uma honra e um privilégio que tivesse aceitado esta responsabilidade. Não encontraríamos melhor. O seu passado ao serviço das pessoas com estratégia e efetividade, com a sua serenidade e proximidade, transmite esperança e confiança na instituição e nos seus profissionais.
Entre múltiplos compromissos e responsabilidades, não hesitou, compreendeu o que lhe era pedido e aceitou sem reservas.
O hospital e os utentes ficaram a ganhar. Alguém que os defende, que protege e que ajuda a resolver os problemas. Alguém atento, discreto na atuação, mas muito empenhado e pragmático. Alguém que nos tem apoiado sem reservas. De forma anónima, consegue imprimir indelevelmente a sua ação. Alguém que não esquecemos.
Um Provedor do Doente, dinâmico e presente, é fundamental na vida das instituições da saúde.
Ter alguém que ouça os nossos problemas e seja capaz de ajudar, é cada vez mais raro e precioso. Neste caso, a generosidade tem um rosto, D. Américo Aguiar.
*Presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário de S. João