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Tendências: O ano que começou magicamente com duas noites de lua cheia augura novos alinhamentos astrais na política. Na europeia, certamente. Na caseira, vamos ver. Por cá, bloco central é coisa que ninguém quer, ou não parece querer. Mas no sobe e desce da retórica política, pacto é uma palavra em alta, o vocábulo emergente, que pressupõe diálogo e compromisso. Só falta mesmo compactuarmos. O "pacto de justiça" agora alcançado é curto, mas é um passo. Os portugueses sentem que é preciso dar outros. E maiores: na justiça, nas políticas para a floresta e para o mundo rural, na reforma do Estado e das leis eleitorais e, claro, na descentralização. O presidente da República é o porta-voz desse clamor. E teimar em não o escutar é não compreender porque é que Marcelo é credor das mais altas taxas de popularidade da nossa história democrática.
Tendências: De Berlim, chegam hoje mesmo os sinais do que será, certamente, o grande pacto do ano e um novo alinhamento para a União Europeia. O pré-acordo entre a conservadora Angela Merkel e o social-democrata Martin Schulz dá forma ao mais europeísta dos projetos alemães, em décadas. A Europa é agora a chave da nova aliança, concretizada com o objetivo explícito de reforçar o eixo franco-alemão, depois do divórcio britânico. E está criada a oportunidade de ouro para um novo pacto, essa "refundação" da Europa prometida por Emmanuel Macron, o primeiro presidente francês em quem Merkel parece confiar desde que ocupa a chancelaria, há 12 anos.
Tendências: Nem de propósito a cor do ano 2018 é um apelo aos pactos, mesmo aos mais difíceis e complexos, como o que resulta de um diálogo que custou milhares de anos de experiências aos mais sábios dos nossos alquimistas, quando quiseram recriar a palete do arco-íris: juntando azul e vermelho, em proporções adequadas, chegaram ao roxo. O mundo católico associa o tom às comemorações da Semana Santa, da paixão e morte de Cristo. Mas o violeta é também a cor do mistério e do compromisso, símbolo da alquimia e da procura do equilíbrio, sinal de esperança. "A energia criativa e inspiradora que nos traz o ultravioleta 18-3838 eleva as nossas expectativas e ilumina o caminho daquilo que ainda está por vir", anunciou profeticamente o Pantone - Instituto Internacional da Cor, um organismo que há várias décadas influencia decisivamente os mundos do design e da moda. Não consta que esta espécie de "autoridade global da cor" tenha ambições políticas, mas não me espantará, nos próximos meses, ver mais roxo nas gravatas dos nossos políticos. Ou nos casacos da senhora Merkel.
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