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Já não temos tempo para prioridades. O fogo não espera, a destruição não dá tréguas. É tempo de agir em todas as frentes, por ar, por terra e por mar, como se de uma batalha real se tratasse. Ou, como numa orquestra afinada, onde cada instrumento, cada músico, sabe exatamente a sua parte.
As estratégias nacionais são indispensáveis, mas enquanto não descem à velocidade da urgência, é localmente que precisamos de começar. Organizarmo-nos por áreas próximas, como um condomínio de floresta: vigiar, combater, limpar, planear, informar, investir, promover negócio. Um "modelo cooperativo", nascido de vários proprietários e alastrando-se como uma rede viva. Porque, enquanto a floresta não for rentável, continuará a ser combustível.
Precisamos agir por setores bem definidos de missão: uns no combate, outros na limpeza, outros na formação, outros ainda no planeamento estratégico. É fundamental apostar em espécies menos combustíveis e em modelos de floresta sustentável, capazes de gerar madeira para construção, lenha, biocombustível, componentes para a saúde, natureza e turismo.
A geometria de gestão pode ser variável, integrando juntas de freguesia, autarquias e comunidades intermunicipais, mas a lógica é clara: quem conhece o terreno deve ser o primeiro autorizado a defendê-lo, porque isso é ganhar tempo e força. Chega de destacar bombeiros já exaustos para maratonas de quilómetros.
Se as políticas rápidas não chegam de cima, que subam de baixo. Mas que a governação da floresta seja também um investimento coletivo. Porque esta é, também, uma das guerras desta geração. E, ou a travamos agora, ou o próximo verão já terá a nossa rendição escrita nas cinzas.