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António Guterres, secretário-geral da ONU, reflecte no rosto a dor e a angústia dos inocentes, vítimas de guerras que não declararam nem quiseram. Os conflitos armados crescem exponencialmente por todo o Mundo e, nem aqui, nesta experiente e humanista Europa, a guerra poupa crianças, idosos, mulheres, civis, que, de repente, se vêem no meio de escombros, sem família, sem casa, sem presente, nem futuro. Sendo que cada facto da nossa vida vivencia um acto político, não é de política que falo nem quero sequer abordar. O apelo que faço é aos seres humanos de boa vontade e aos crentes de uma qualquer religião, sobretudo a comunidade católica, que esta semana viveu o calvário de Jesus e festeja hoje o Bem ressuscitado. Não basta emocionar-se com os corpos mutilados ou vazios de vida das crianças, com a dor dos pais que perderam os filhos, de filhos que perderam os pais, porque mísseis mortíferos esventram casas, hospitais, refúgios, buracos ou seja o que for, onde velhos, novos e crianças se escondem na esperança vã de escapar à morte em que os encurralaram. São biliões os dólares gastos em armas sofisticadas, cada vez mais letais, e há milhões de pessoas a morrer por causa delas, com menos de um dólar por dia para poderem sobreviver e fugir à matança pela fome, pela sede, pelas armas. Em Gaza, já se morre de inanição. Com comida e bebida, medicação e meios de tratamento ali tão perto, não chegam em tempo útil a toda uma população que foi empurrada do Norte para o Sul e agora se encontra desesperadamente envolvida pelas redes da morte que chega por ar e por terra. Os ataques devastadores, forças destrutivas, a doença, a fome, a sede e a guerra atingem milhares de seres humanos, mas são as crianças de olhos tristes e arregalados pelo medo e as mulheres que choram a perda dos seus filhos e dos seus maridos quem mais sofre e que vêm morrendo lentamente em maior número. É a hora de a comunidade internacional elevar a sua voz, endurecer a sua posição pacífica, manifestando-se publicamente, exigindo um fim para esta guerra, cada vez mais sem sentido, aceitando como válida a tese de que o Hamas se encontra devastado, desarticulado e vencido. Todos estes meses de conflito, experiência e saber das tropas e a excelência dos serviços secretos de Israel já deram a este país a oportunidade e o tempo necessário para destruir as estruturas e a organização do grupo terrorista que combatem. Agora, é tempo de dar paz ao povo palestiniano que vem sendo sacrificado e desapossado de toda a sua dignidade e dos seus direitos humanos fundamentais e inalienáveis. É a hora da justiça e do direito internacional para este povo massacrado. É a hora do “milagre” da Páscoa que vivemos.
*A autora escreve segundo a antiga ortografia