A Europa acordou para uma realidade que há muito tempo estava preanunciada: a Rússia invade a Ucrânia, numa operação militar de guerra tradicional.
Depois da operação da Rússia de conquista da Crimeia em 2014, a União Europeia investiu apenas na esperança num futuro tranquilo e na cooperação política e económica com a Rússia, aumentando a sua dependência nomeadamente num setor de importância estratégica como é a energia, pela compra de gás natural russo.
Os europeus assistiram nas últimas semanas a várias viagens a Moscovo de governantes europeus, em gesto de submissão mais do que de diplomacia, com discursos cheios de esperança na paz e na atitude cooperante e positiva da Rússia.
E agora, perante a concretizada ameaça russa de guerra e de invasão da Ucrânia, assistimos a múltiplos discursos de responsáveis europeus, sanções políticas e económicas (que também prejudicam a Europa), a vigílias e a apelos à paz a um Putin que nada ouve, a apressados pedidos da Ucrânia para aderir à União Europeia e à NATO, tendo como resposta a legislativa e diplomática calma "que o processo exige" pelas suas complexas formalidades.
É tempo da União Europeia mudar de vida, de se capacitar que o terrorismo (que fez uma trégua por força da pandemia da covid-19) precisa de estados fortes e capazes de operar respostas competentes e solidárias, de utilizar uma verdadeira aliança política, económica e militar com os Estados Unidos da América, sem complexos, assumindo uma capacidade objetiva de prevenção ativa e de reação aos potenciais agressores, com uma política externa forte e consequente nas operações, com menos discursos e mais decisões e operações que verdadeiramente cuidem dos valores europeus e protejam os cidadãos da União Europeia e dos seus países aliados das ameaças que outros constituem.
O pacifismo europeu tem de acabar e temos de investir numa política externa coerente e forte, atenta e ativa, tanto ao nível político e económico, como ao nível do combate ao terrorismo e da cooperação ativa de defesa de âmbito militar.
A Rússia e a China, com os seus excedentes orçamentais, não podem continuar a conseguir condicionar de forma grave a vida da Europa, e a aliança da Europa com os EUA tem de ser retomada com intensidade, na defesa ativa e URGENTE da fortaleza do denominado "Mundo ocidental" que é também garante da paz mundial.
A gestão política da reação é sempre um atraso com perdas irreversíveis e normalmente é um erro.
A gestão política da prevenção e da providência cautelar, mesmo no curto prazo parecendo um exagero, no médio e longo prazo é sempre um garante de paz e um instrumento de dissuasão e de resistência nos tempos de dificuldade, de recessão e de guerra.
A democracia gestora de ciclos curtos eleitorais não pode ser frágil no frente a frente com ditaduras de ciclos longos, porque a perenidade dos estados e da vida das pessoas e das gerações, tem sempre o tempo, o muito tempo, como horizonte seguro.
Presidente da Câmara de Aveiro
