A Igreja Matriz de Moncorvo foi construída para ser a catedral da diocese que estava para ali ser fundada. Acabou por nunca receber a dignidade de sede episcopal, mas foi agora elevada a Basílica Menor. Celebrou-se solenemente a promulgação desse título na segunda-feira passada. Presidiu o arcebispo de Braga, D. José Cordeiro: foi ele o grande impulsionador dessa distinção, enquanto bispo de Bragança-Miranda.
Corpo do artigo
Refira-se que a dignidade e a grandiosidade do templo merecem amplamente este título. Ao olhar para as proporções do monumento, alguém me perguntava: "E nós, o que vamos deixar às gerações vindouras?".
Se conseguirmos transmitir o que recebemos, devidamente restaurado e conservado, já será muito bom. Se, além disso, ainda se conseguirem juntar novas edificações que traduzam as tendências da arte contemporânea, tanto melhor. Uma das maiores preocupações das paróquias e outras organizações eclesiásticas é a edificação, conservação e restauro do seu património. É um tal sorvedouro de energias e de dinheiros que, por vezes, distrai do fundamental, que é a edificação da comunidade.
Mais preocupante e desafiante do que os edifícios que serão transmitidos, e em que condições, às próximas gerações, é a Igreja de pedras vivas que se deve edificar. Ou, melhor, reedificar, tendo em consideração os desafios do presente e as diretrizes do Concílio Vaticano II.
Ainda que difícil, é muito mais fácil restaurar o passado e consolar-se com as memórias de outros tempos do que construir o futuro. É mais fácil inaugurar obras do que edificar a Igreja das pedras vivas. Essa nunca está concluída, está sempre em reconstrução. Não dá direito a solenes inaugurações. Antes pelo contrário: quem envereda por esse caminho arrisca-se, como ao seu fundador, a ser rejeitado e crucificado.
Mas é essa a Igreja de Jesus Cristo!
*Padre