O Governo decidiu "limitar a obrigatoriedade do uso de máscara" a determinados locais desde a semana passada. São eles "locais caracterizados pela especial vulnerabilidade das pessoas que os frequentam" e aqueles que têm uma "utilização intensiva sem alternativa".
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O decreto que introduz esta alteração explicita que é o caso "dos estabelecimentos e serviços de saúde, das estruturas residenciais ou de acolhimento ou serviços de apoio domiciliário para populações vulneráveis ou pessoas idosas, bem como unidades de cuidados continuados". São referidos como locais em que continuará obrigatório o uso de máscara os "transportes coletivos de passageiros", incluindo aviões, táxis e TVDE.
No decreto governamental não é referido o uso de máscaras nas igrejas. Os bispos concluíram, por isso, que "deixa de ser obrigatório o uso das máscaras nos espaços das celebrações e outras atividades pastorais da Igreja", como se lê no comunicado da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) de 22 de abril.
Tendo em conta que as celebrações são frequentadas sobretudo por pessoas idosas, será lícita essa conclusão? Com algumas exceções, como são os casos das missas da catequese, dos escuteiros ou da pastoral juvenil, esta é a realidade da esmagadora maioria das celebrações, num país envelhecido, sobretudo no interior. Não seria, por isso, mais prudente continuar a recomendar o uso da máscara em espaços celebrativos?
É certo que o comunicado da CEP recorda que "a pandemia ainda não terminou". Apela ao "bom senso e responsabilidade comum" e recomenda que em "espaços fechados onde o devido arejamento nem sempre é possível" se mantenham "cuidados acrescidos".
A pandemia fez cair a prática religiosa. Os mais jovens continuam a não vir e os mais idosos ainda têm receio de regressar. Por isso, a Igreja Católica - que em Portugal foi exemplar na introdução de medidas para tornar mais seguras as suas celebrações - não deverá agora facilitar, em ordem a proteger os mais vulneráveis à covid.
Enquanto procura estratégias para atrair os mais novos, a Igreja deve ter cuidados acrescidos com a maioria dos seus fiéis.
*Padre