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Havia pouco mais de 164 mil imigrantes inscritos no Serviço Nacional de Saúde em 2017. Em 2021, esse número já ultrapassava o meio milhão. Neste ano de 2025, já são quase um milhão, de acordo com os números apurados pelo JN. É uma subida muito significativa e representa um desafio complexo. Para os profissionais que trabalham no SNS, para a máquina do Ministério da Saúde e para o Orçamento do Estado.
Seria fácil (e errado) dizer que o país tem imigrantes a mais. E que a melhor forma de aliviar a pressão sobre os serviços públicos de Saúde é reduzir o número de imigrantes em Portugal. O problema é que não só o país não tem imigrantes a mais como precisa de atrair ainda mais gente, se quiser garantir um nível de desenvolvimento económico que permita pagar as futuras contas no hospital, quer aos imigrantes que já cá estão, quer aos envelhecidos cidadãos de nacionalidade portuguesa.
Mas, se o país precisa dos imigrantes que já tem e dos que ainda hão de chegar, independentemente dos desvarios populistas da extrema-direita, também precisa de garantir que os serviços de Saúde não entram em colapso. O que significa que é preciso, para além de regular a imigração, apostar no investimento público, seja para garantir que há profissionais em número suficiente, seja para alargar a rede de equipamentos que permitam atender todos, independentemente do país de origem.
Podemos remeter-nos à pequenez, apontar o dedo ao estrangeiro que nos tira a vez na consulta, exigir prioridade aos portugueses de gema, mas isso seria, na verdade, contraproducente. Com menos imigrantes, haverá menos riqueza no país, menor arrecadação de impostos e, portanto, menos dinheiro a entrar nos cofres do Estado. Faltará dinheiro para contratar e pagar a médicos e enfermeiros. Continuaremos simplesmente a empobrecer e a envelhecer. Sem saúde, nem quem trate dela.