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De forma discreta, no meio do caos noticioso das últimas semanas, a responsável da Unidade de Missão para a Valorização do Interior saiu. Pela forma séria e competente com que sempre desenvolve os seus trabalhos, fica a certeza que a professora Helena Freitas terá dado o melhor de si própria neste desiderato.
Vale de novo a pena percorrer o elenco das 164 medidas do Plano Nacional para a Coesão Territorial. Porque cada ponto do território não é apenas importante e um problema de quem lá vive, mas antes um valor sagrado do coletivo dos portugueses.
Promete-se a criação de equipas de intervenção permanente, preferencialmente nos concelhos do interior. Vemos plasmada a criação de um novo fundo de captação de congressos internacionais e eventos (Programa M&I), que permita a captação de eventos para destinos regionais desconcentrados. Anuncia-se alargar o projeto-piloto "Cycling and walking", transformando Portugal num grande destino mundial para rotas pedestres e cicláveis. Deixo aqui a sugestão de avançarem de imediato com a ciclovia na antiga Linha do Corgo e Estrada Nacional 222 entre Régua e Ferradosa. Promete-se criar no âmbito do programa "Semente" um incentivo adicional para quem investir no capital de uma early seed ou de uma startup em territórios do interior. Selecionamos ainda o alargar da diferenciação territorial positiva na regulamentação dos apoios à inovação no âmbito dos PO temáticos e regionais. Anuncia-se a criação de um Laboratório Colaborativo para a Agricultura de Precisão, envolvendo as universidades de Trás- os-Montes e Alto Douro, de Évora, Instituto Politécnico de Bragança e a Associação Fraunhofer Portugal.
Nas acessibilidades, promete-se, para além da melhoria da rede ferroviária de proximidade, identificar nos territórios do interior os investimentos rodoviários, pontuais e de proximidade a realizar nestas regiões, que possam contribuir para a melhoria das condições de vida e para a atratividade económica destes territórios. Aqui ficam as sugestões, entre outras, de avançar com a travessia do rio Maçãs em Vimioso, terminar o acesso Baião ponte da Ermida, melhorar os acessos de Vinhais e Cinfães, ou construir a alternativa à EN222 para os concelhos da Pesqueira, Armamar e Tabuaço.
Não nos faltam por isso muitas e boas ideias, com potencial de promoção da coesão do território. Mas que, mais do que serem politicamente assumidas, têm é de ser concretizadas em tempo útil.
Não faltam muitas e boas ideias com potencial de promoção da coesão do território. Mas que, mais do que serem politicamente assumidas, têm é de ser concretizadas em tempo útil.
* PROFESSOR CATEDRÁTICO DA U. PORTO