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Qualquer pessoa de bom senso não recrimina produtores de legumes e frutas por darem pequenos banhos de conservantes em alguns produtos para que possam ser transportados centenas ou milhares de quilómetros até chegarem "frescos" aos pontos de venda. O mesmo se passa com os aditivos industriais que neutralizam a fermentação e degradação natural dos alimentos. A segurança alimentar é um valor muito importante mas nada é grátis: todos os dias acumulam-se mais toxinas invisíveis no organismo. Quais as consequências?
A saúde é a questão essencial, não tanto as mil dietas prefabricadas ou o peso por si só. Mais do que o "light" nos rótulos, conta a qualidade dos nutrientes ou a incorporação química invisível que o produto apresenta. Além disso, o facto de não existirem estudos sistemáticos da interação de todos os químicos e tóxicos "aceites" na alimentação - eles são estudados um a um, não em conjunto - gera um cocktail pouco estudado cientificamente. Ora, uma das soluções para este problema passa pelo aumento do consumo de alimentos biológicos. São mais caros? Em regra sim, dadas as perdas de "rentabilidade" que o não uso de químicos envolve. Mas se houvesse maior consumo provavelmente os preços seriam mais baixos face ao aumento da procura.
Sete palavras catalogam as fontes de absorção tóxica a que o corpo tem de se submeter todos os dias: alimentos com químicos; ar com poluentes; ingerir água excessivamente desinfetada com cloro (que também vai prejudicando as boas bactérias); antibióticos (por via direta ou presente nos alimentos); tóxicos absorvidos pela pele (através dos produtos como champôs, desodorizantes ou hidratantes); autointoxicação (nomeadamente pela incapacidade de expelir toxinas); e stress. Tudo conjugado dá o conhecido cocktail da vida moderna.
O que somos capazes de controlar? Na prática, pouco. Por exemplo, alimentos cheios de químicos industriais, ou de agricultura altamente sintetizada, não fazem mal quando se ingerem uma vez. Nem 10, nem 100 vezes. Ao fim de uns anos, a presença desses químicos no corpo já pode não ser assim tão inócua.
O cancro e as doenças autoimunes são cada vez mais referidas como uma consequência deste processo de agressões ao nosso processo biológico. Alguns estudos mostram que o cancro só se desenvolve num corpo com um grau de acidez inferior ao do estado natural de uma pessoa à nascença (ph 7,2). Além disso, as agressões químicas acidificam a nossa corrente sanguínea, obrigando o fígado e o sistema linfático a reagir para que o sangue seja "limpo dos venenos" e nos mantenha com um "pH neutro". Ao tirar esses venenos do sangue, os tóxicos armazenados junto às células gordas tendem a produzir a tal celulite nas pernas, braços, ancas, pescoço ou barriga. Mas, mais importante do que isso, este permanente estado de combate desgasta a saúde e, por vezes, degenera células (o cancro). Além de que um intestino excessivamente carregado de alimentos é uma fonte de inflamações. O cólon passa a ser chamado a aguentar uma quantidade de bactérias agressivas, armazenadas a 38 graus, horas a fio, que acabam por ir atacando o sistema digestivo, respiratório, etc... Ainda por cima "proibimos" o corpo de transpirar através de desodorizantes à base de alumínio, o que faz com que nem assim se possa ir expelindo venenos. Resultado: está tudo cá dentro.
Ora, assim sendo, há saída? A mais valiosa e barata de todas é de se optar, tanto quanto possível, por alimentos biológicos; outra ideia é a de se consumir algas (espirulina e muitas outras) para ajudar o corpo a passar de ácido para alcalino. Isto precisa de um adjuvante importante: beber-se bastante água. E compreender-se outro dado importante: o fígado é a chave da desintoxicação. Ele precisa de ciclos (há quem fale de 90 em 90 dias) para se autorregenerar.
As teorias "detox" dizem que quem conseguir ir "limpando" os químicos, cuidar da alimentação por períodos trimestrais, não consumir álcool nessa fase e tiver cuidado com as más gorduras e os açúcares, o padrão da saúde muda. Conseguir-se algo assim é um feito que valerá mais uns anos de vida - para serem vividos com qualidade física e mental. Isso é mesmo o mais importante.