D. José Ornelas está empenhado em realinhar a Igreja Portuguesa com o Papa Francisco e renovou a sua confiança no estudo sobre os abusos levado a cabo pela Comissão Independente. Fê-lo numa entrevista às agências Lusa e Ecclesia a propósito da sua reeleição para presidente da Conferência Episcopal Portuguesa.
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Os bispos portugueses têm-se esforçado em demonstrar a sua fidelidade ao Papa e até o citam nas suas intervenções. Contudo, por vezes tomam atitudes - como foi o caso da gestão do relatório sobre os abusos ou o acolhimento aos divorciados e homossexuais - que suscitam dúvidas se estão em sintonia com o Papa.
Na entrevista, D. José Ornelas defendeu muitas das causas do Papa Francisco e, em alguns pontos, como a ordenação das mulheres, os títulos das notícias deram a ideia de que tinha ido além do que o Papa tem dito. Ouvindo a entrevista na íntegra nota-se, porém, que foi bastante cauteloso quanto aos temas mais fraturantes no interior da comunhão católica.
Não é de admirar que D. José Ornelas defenda o relatório da Comissão Independente, uma vez que foi ele um dos seus principais impulsionadores. Já é mais inesperada a crítica que faz à morosidade no processo de substituição dos bispos. Setúbal perdeu o seu bispo a 28/01/2022, quando D. José Ornelas foi transferido para a diocese de Leiria-Fátima. O mesmo já tinha acontecido a Bragança-Miranda, quando, a 03/12/2021, D. José Cordeiro foi nomeado para Braga.
D. José Ornelas afirmou que "não é aceitável" ter duas dioceses sem bispo, "uma já quase há um ano e meio". E defendeu que é necessário "rever" o processo de nomeação dos bispos tornando-o "mais rápido e eficiente" - apesar de, noutros países, com as mesmas regras, o processo ser muito mais célere.
D. José Ornelas começa bem um novo mandato inspirado pelo Papa Francisco.
Padre