"A tributação da riqueza". Este foi o tema de um painel de debate na sétima edição do Congresso Luso-Brasileiro de Auditores Fiscais, que se realizou há dias, em Vila Nova de Gaia. "O problema anda sempre em torno da inveja. Os portugueses são muito invejosos relativamente aos ricos", disse-me um dos ilustres oradores, numa conversa informal mantida à margem do evento.
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Há estudos académicos e opiniões de especialistas das áreas da psicologia e dos recursos humanos a atestar o facto de a inveja poder ser um motor motivacional nas organizações. Ninguém deve negar, à partida, uma ciência que desconhece. Querer mais pode ser, de facto, sinal de uma saudável ambição que beneficia tanto o empregado como o empregador. O ilustre orador que me alertou para o problema da inveja não se referia à mesma enquanto fator motivacional para o trabalho. A inveja pode ser, de facto, algo de paralisante e de improdutivo.
O problema deve, no entanto, ser visto de uma forma ainda mais ampla. Dizia-me, há uns anos, um conhecido filósofo que muitos portugueses desistem de investir nas suas carreiras por simples desânimo. Quem está fora dos "circuitos" sai a perder. Há uma teia de interesses e conhecimentos que acolhe quem, em condições normais, estaria excluído do mercado de trabalho, colocando, simultaneamente, à margem quem mereceria progredir. Bem-vindos ao país das cunhas. Estamos a falar, por exemplo, dos partidos políticos e de organizações laicas (Maçonaria) ou religiosas (Opus Dei).
Uma sociedade meritocrática a 100% seria o ideal? Michael Sandel, filósofo de Harvard, alerta para a tirania do mérito. Porquê? Um grande jogador de futebol ou um presidente de uma empresa merece ganhar muitíssimo mais do que um bom professor ou um enfermeiro? Ronaldo seria o CR7 dos milhões na Idade Média ou teve a sorte de, para além das suas aptidões, nascer numa época em que o futebol é o alfa e o ómega do sucesso?
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