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Os europeus já deveriam estar avisados. Há anos que os Estados Unidos se estão a borrifar para os acordos económicos internacionais. Mas, com a entrada de Donald Trump em cena dentro de uma semana, temos de nos preparar para uma possível crise mundial. A guerra fria económica já há muito que está a fazer vítimas, desde que os EUA se têm vindo a afastar das regras e das instituições como a Organização Mundial do Comércio, bem como a sua relutância em apoiar os aumentos de capital do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial, cerceando assim a sua capacidade de ação e condenando-os quase à irrelevância.
Todos sabemos que a primeira Administração Trump já tinha incentivado a utilização de tarifas, e sim: a Administração do presidente Joe Biden não só não conseguiu remover estas tarifas, como as reforçou e expandiu. Assim, o regresso de Trump à Casa Branca só vem amplificar estas tendências, apoiadas desta vez pelos oligarcas do setor tecnológico, como Elon Musk e, mais recentemente, Mark Zuckerberg. É o nacionalismo económico, anunciado claramente, sem quaisquer reservas. “America first”.
É este contexto de rivalidade entre grandes potências, principalmente entre China e EUA, que deixa o resto do planeta, incluindo a Europa, à espera, sem saber muito bem o que fazer. Os EUA querem claramente desligar-se da Europa para se concentrarem na Ásia. O eventual processo de paz para pôr fim à guerra na Ucrânia terá de ser gerido por uma Europa cada vez mais dividida, afetada por aquele pecado original que a leva a preocupar-se sempre mais em cumprir as suas regras e procedimentos internos do que em reagir rapidamente às mudanças de paradigma.
A Europa foi uma das principais beneficiárias da globalização, mas para seu desgosto esse mundo já não existe. Corre o risco de cair numa lenta agonia.