Assumir o desconhecimento de algum assunto não é sinónimo de idiotice ou de ignorância. Pode até ser um sinal de alguma honestidade intelectual e de abertura à aprendizagem. Não ter opinião também é um direito.
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Chegados que estamos a mais um 25 de Abril, em que a liberdade nas suas diferentes vertentes, usos e aplicações é a palavra do dia, é mais do que nunca, e até fruto das restrições que todos vivemos por causa da pandemia, importante saber respeitá-la. E respeitá-la é usá-la sabiamente.
Hoje, fruto da mecânica negocial das redes sociais, é imperativo ter opinião sobre tudo. Sobretudo sobre os políticos, porque a fórmula resulta, mas também sobre todos os outros e sobre todas as coisas.
É também assim que a desinformação se expande, prejudicando a vida de todos. Incluindo a daqueles que, não conseguindo resolver uma equação de segundo grau nem distinguir um vírus de um fungo, escrevem verdadeiros tratados contra a vacina da covid-19. Prejudicando a vida de todos. De quem sabe e de quem não sabe.
A obsessão de criticar, que na maioria das vezes é de acusar, criou uma classe sem diploma de médicos, politólogos, juízes, professores, farmacêuticos, engenheiros, filósofos, jornalistas, etc. Mas também estimulou conflitos, potenciou ódios, abriu caminho a extremismos.
A imposição de ser a favor ou contra tornou-se útil, quer para correntes de pensamento político, quer para negócios que assentam a sua estratégia na importância dos seus clientes pertencerem a um grupo social, gerando as interações necessárias que dão suporte a anunciantes. A obrigatoriedade de ter opinião também é construída.
Numa época em que muitos reclamam por ditaduras encapotadas, o direito à opinião tem de continuar a ser intocável. Mas que se use o bom senso para que as reflexões de cada um de nós contribuam para uma sociedade mais esclarecida e igualitária.
Não ter opinião também pode ser um enorme exercício de liberdade.
Diretor-adjunto