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As recentes eleições europeias têm uma clara leitura política para Portugal. Os resultados, que deram uma vitória ao PS, demonstram que os portugueses reconhecem que o país necessita de uma liderança das forças políticas moderadas.Te
mos assistido nos últimos anos a um crescente ataque aos princípios democráticos, com manifestações alarmantes por todo o Mundo de fenómenos populistas e radicais. Ouvimos hoje discursos - e, pior, assistimos a ações - que pareciam já ter ficado sepultados na vergonha das eras que trouxeram ao Mundo guerras brutais, ódios destrutivos e genocídios.
Em Portugal, também temos assistido a uma tentativa de desvalorização do nosso sistema político e social. As democracias contêm em si mesmas uma tolerância que permite que alguns dela se aproveitem para plantar a semente da intolerância, do medo, do ódio e da destruição da paz social… o seu objetivo final é o de destruírem o próprio sistema democrático.
Sejamos claros: a democracia aperfeiçoa-se pelo esforço conjunto de cidadãos mais exigentes e nunca pela abdicação dos princípios e valores que a fundamentam!
Por isso, o sinal que os portugueses deram nestas eleições europeias deve ser bem lido, principalmente pelo PS e pelo PSD. É a estes dois partidos basilares na construção do Portugal pós-Revolução que cabe a contenção dos populismos e a defesa intransigente do Estado social democrático que construímos.
Sem desvalorizar o contributo de todos os partidos democráticos que enriquecem o nosso panorama político, muito importantes no que aportam ao aperfeiçoamento da gestão do país e da sociedade como um todo, é certo que cabe aos dois partidos do chamado “arco da governação” encontrar um entendimento que permita ao país continuar a progredir no sentido que a Constituição ambiciona - e que ainda não conseguimos plenamente atingir.
É com agrado que registo o apoio do Governo à candidatura de António Costa a presidente do Conselho Europeu, também apoiada de forma muito clara pelo senhor presidente da República.
António Costa é uma figura respeitada e reconhecida em toda a Europa e foi decisivo na forma como a União Europeia respondeu à pandemia e se uniu para a recuperação pós-pandémica.
É, pois, alguém com uma visão clara sobre o que representa a força da união, com uma invulgar capacidade de gerar consensos. É a liderança certa para um Conselho Europeu que enfrenta um cenário muito complexo e perigoso.
Nestes tempos incertos, António Costa é o homem certo no tempo certo!