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Ser princesa, ainda para mais da realeza britânica, não é um conto de fadas. Principalmente quando está exposta aos holofotes do Mundo e sujeita a torrentes de especulações, rumores ou teorias da conspiração a circular especialmente nas redes sociais. Kate Middleton anunciou que está a ser tratada a um cancro através de quimioterapia, depois de os médicos terem detetado tumores na sua operação em janeiro. Uma revelação que chocou a todos e pôs fim a uma intromissão descarada na sua vida privada. Mas a pergunta que se coloca é se Kate fez bem em estar no seu recato durante mais de dois meses. Em princípio, a decisão da princesa de Gales terá sido a correta. É um assunto muito privado. Esperou o momento certo para contar aos três filhos, ainda pequenos, e o seu pedido de tempo e intimidade para lutar pela sua saúde não cairá agora no vazio. Como os especialistas em comunicação bem sabem, a falta de informação tende a ser preenchida com mentiras. E, embora entendendo a situação delicada, a monarquia mais vigiada e comentada de todo o planeta exige uma estratégia de comunicação inteligente e com maior transparência. As explicações que finalmente decidiu dar, num vídeo visto por milhões de pessoas, são a prova mais evidente de que a falta de informação, e mais ainda se dura meses, não é uma opção quando se faz parte de uma instituição para a qual a imagem pública é essencial. Menos ainda num tempo em que as redes sociais aceleram o debate público e se afastam do controlo dos seus protagonistas.
O caricato é que em relação ao rei, Buckingham tornou pública imediatamente a doença de Carlos III. E desde aquele momento, o fluxo de vídeos, fotos ou declarações do monarca não parou. Todos compreenderam que era possível uma margem de privacidade, mesmo quando a situação afetava o seu chefe de Estado, com uma obrigação constitucional de transparência maior do que a sua nora. Kate Middleton entendeu à custa de rumores que a transparência talvez fosse a melhor opção. Espera-se agora que tenha a privacidade de que necessita para enfrentar a doença.