Compreende-se a preocupação de Pinto da Costa quando, em declarações ao jornal "O Jogo", refere que o primeiro-ministro António Costa "ficará na história como o homem que asfixiou os clubes".
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Fazem todo o sentido, tendo em conta uma época futebolística que agora começa de grande incerteza nas receitas e de grande certeza nas despesas. É que, para além da perda de milhões em bilheteira na temporada anterior, os clubes enfrentam agora dificuldades nas vendas de jogadores - a preços muito inferiores aos praticados em anos anteriores -, nos estádios que vão continuar fechados ao público e na queda do valor dos patrocínios. Mas, o maior desafio são os compromissos financeiros já assumidos para o próximo ano que, no caso das três principais SAD, ascendem só em obrigações a 116 milhões de euros. O F. C. Porto teve de adiar por um ano o reembolso de uma emissão de obrigações de 35 milhões de euros devido aos efeitos da pandemia, ficando com 70 milhões para devolver em 2021. O Benfica, que foi obrigado a recorrer a um empréstimo do Novo Banco de 28 milhões para conseguir pagar o compromisso de obrigações terminadas este ano, tem ainda mais 20 milhões para saldar no próximo ano. E o Sporting tem outros 26 milhões por pagar. Em Itália, o Governo reduziu a carga fiscal dos clubes de 50% para 33%. O presidente do F. C. Porto defende também uma redução fiscal em Portugal. Uma pretensão que é legítima, porque seriam medidas excecionais para tempos excecionais. Mas, como iria António Costa justificar uma decisão de baixa de impostos, quando o "seu" Benfica gasta mais de 80 milhões na compra de jogadores? E teria de a alargar a toda a economia, já que as dificuldades não estão só no setor do futebol. Ou seja, incomportável para as contas públicas, já fustigadas com aumento da despesa e um corte nas receitas provocado pelo abrandamento da economia devido à covid. Teria mesmo de haver uma enorme "bazuca" da Europa.
*Editor-executivo