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Estará à venda um novo sonho para os jovens portugueses: a lotaria “Eurodreams”. Tentarão vender-nos um sonho, porque sabem que não conseguem oferecer-nos a realidade que almejamos?
Não conseguimos sair de casa dos pais, comprar casa é inalcançável e os baixos salários não permitem ter um pé-de-meia. A realidade é desconcertante e as aspirações das novas gerações continuam por realizar.
Parece-me imoral a aprovação desta nova lotaria, que acontece depois de ser conhecido que cerca de 100 mil portugueses têm problemas de jogo com raspadinhas e que o consumo frequente é mais comum nas pessoas com baixos rendimentos.
Não estaremos perante uma ideia de falsa caridade? As receitas geradas pelos jogos sociais estarão a ser eficientemente utilizadas, pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e pelo Estado, para o desenvolvimento social e económico? Já dizia o provérbio “Deus dá com uma mão e o Diabo tira com a outra”.
Há, ainda, outro problema a considerar. A baixa literacia financeira dos portugueses não ajuda no entendimento da probabilidade de ganhar, nem na gestão eficaz do pouco dinheiro de cada um.
O País não pode explorar as fragilidades dos portugueses. Os jovens não precisam de vendedores de banha da cobra, de bilhetes de lotaria ou de falsas ilusões. Ao invés, necessitam de condições para que as suas perspetivas legítimas de vida se tornem realidade.
O que nos estão a dizer é que se quisermos ter um futuro em Portugal, teremos de arriscar para ter sorte. A sorte não pode ser a alavanca para um futuro digno.