"Calhorda", "oportunista", "cretino", "idiota", "a minha mulher é melhor do que a tua". "Obrigado pela ajuda internacional para combater os fogos na Amazónia, mas não queremos. Só se nos pedirem desculpa".
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O Brasil adotou uma nova estratégica diplomática ou apenas alguns dos seus mais importantes governantes estão a confundir a vida política com as redes sociais? Certo é que o presidente do Brasil comenta posts no Facebook de um indivíduo qualquer e fá-lo sem qualquer etiqueta. Pior, ofende a primeira-dama francesa, rindo do seu aspeto físico.
Será que a mulher de Jair Bolsonaro reagiu ao comentário do marido com um emoji de rosto feliz? Provavelmente não. Um smiley desapontado seria o mais indicado para aquela reação sexista. E uma série de cabecinhas amarelas apreensivas, ruborizadas e irritadas ilustrariam muito bem a escalada de insultos de Jair Bolsonaro e companhia.
É verdade que Emmanuel Macron se colocou a jeito quando criticou as políticas brasileiras para conter a desflorestação na região amazónica. E que também deu um tiro no pé quando usou, no Twitter, uma imagem de um fotógrafo morto, em 2003, para falar das queimadas sob Jair Bolsonaro, dando alguma razão à teoria do presidente do Brasil de que o seu homólogo procurou ganhos políticos pessoais com a questão da Amazónia. Pode mesmo ficar-se com a ideia de que Emmanuel Macron poderá ter aproveitado os fogos na Amazónia para aumentar os seus índices de popularidade, depois do desgaste provocado pelos protestos dos coletes amarelos. O que o presidente francês não calculou foi a dimensão dos ataques de que poderia ser alvo, parecendo até surpreendido com o estilo imprevisível de Jair Bolsonaro, que, nesta guerra diplomática travada sobretudo nas redes sociais, não esconde quem é.
*Diretor-adjunto