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Coincidindo o fim das férias com o final de mês de agosto e o regresso à escrita com o primeiro dia de setembro, achei que estava em perfeitas condições de, num ano de intensa atividade, poder decretar o fim da "silly season" [a estação pateta], que ciclicamente ataca a atividade pública e noticiosa em período estival.
Acresce que se fechou também a janela do mercado de transferências de jogadores de futebol, claramente uma das fontes mais pródigas de pujantes títulos recheados de milhões, com viagem marcada de ou para um dos maiores clubes de futebol do Mundo.
Mas quando olhei para o último mês de notícias, foi com algum amargo de boca que constatei que não é muito dignificante decretar o fim daquilo que mal conseguiu esbracejar a sua existência. É verdade que tivemos e temos Pokémon e Trump, que até conseguimos descobrir que as casas que têm sol são mais caras e ainda houve a questão das governamentais viagens futebolísticas com a Galp, que teve reações razoavelmente "silly".
Mas um verão com a praga dos incêndios a assumir proporções alarmantes, a assistirmos ao desenrolar da crise da Caixa Geral dos Depósitos, não é de molde a grandes ligeirezas. Para sublinhar a negro, fomos ainda assombrados pela absurda violência dos crimes de Ponte de Sor, de Gondomar, das três brasileiras encontradas numa fossa e de repetidos casos de violência entre casais a serem sentenciados com homicídios e suicídios.
Não foi boa a estação, mas também convenhamos que é cada vez mais insano confinar a patetice a uma estação, quando o ambiente nas redes sociais se encarrega de acender e apagar as polémicas e as causas que eram antes servidas com um gelado ao lado, por falta de assunto melhor. Agora, é só clicar e há sempre motivos inspiradores, como seja defender os atletas olímpicos das críticas à sua participação no Brasil - mesmo que continue com dificuldade em vislumbrar esses ingratos portugueses - ou aceitar um qualquer desafio para fazer uma "corrente humana embora virtual pela luta contra o cancro". De recordar que foram as redes sociais que nos deram essa pérola de patetice de transformar um repórter do JN num feroz ataque dos fiscais às bolas de Berlim.
É por estas e por outras, que a melhor notícia do verão foi mesmo a descoberta de Próxima B, um planeta a quatro anos-luz da Terra que apresenta condições para suportar vida. Melhor mesmo, só se tivesse vida inteligente.
* SUBDIRETOR