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O Mundo global nestas últimas 24 horas tem estado virado para as minas de San José, no Chile, na esperança de assistir ao salvamento dos 33 mineiros há 69 dias soterrados, onde labutavam para dar ao seu país alguma riqueza no cobre e ouro que dali extraíam. Quando no dia 5 de Agosto a estrutura da mina cedeu, temeu-se o pior. E aqueles mineiros, quase sempre esquecidos produtores de riqueza, começaram a ser preocupação pela tragédia que se adivinhava. Entretanto, técnicos e especialistas desta arriscada actividade subterrânea, apoiados pelo governo chileno, empenhado em evitar este desastre, de enormes repercussões humanas e no futuro desta fonte de riqueza, começaram a idealizar o processo para salvar estas vidas. Ontem, em momento de autêntica celebração nacional, e com os média de todo o Mundo a dar cobertura ao acontecimento, a "Cápsula Fénix" realizou o "milagre" de trazer à luz do dia aqueles homens. Para contar e estudar para a história, ciência e técnica do trabalho mineiro vão restar os depoimentos daqueles homens que, acima de tudo, tiveram a calma, a coragem, a esperança, de não viverem a tragédia antes do tempo.
Pelos dias que estamos a viver neste afogamento da crise que nos cerca no anunciado soterramento de um país, socorro-me da imagem da "cápsula" para simbolicamente configurar onde parece estar a chave do nosso temporário "resgate". Engasgadas politicamente as conversações para o possível acordo entre os partidos do actual centro partidário, na impossibilidade de fazer alterar, de momento, as linhas de compromisso ideológico dos partidos à esquerda do PS, na iminência de um chumbo do OE, no Parlamento, têm-se multiplicado, em quase todas as frentes de opinião e posicionamento político, veementes apelos ao PSD de Passos Coelho para deixar passar este OE. Com as excepções já aduzidas, poderemos dizer que o apelo é nacional. A concordância não resulta do conteúdo do documento. Resulta da tese que sem essa aprovação o nosso sufoco irá ser asfixiante e o descrédito dos donos dos empréstimos abrirá caminho para a bancarrota. O OE ser bom ou mau é para discutir depois. Agora, importa resgatá-lo".
Entretanto, Passos Coelho, tacticamente, vai-nos encostando à linha de queda para na hora do precipício poder dizer que salvou a pátria. Mas, enfim, meus senhores, na verdade, tudo isto, se quisermos ser país, terá de começar de novo.