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Não se é novo apenas quando se nasce. Também se é novo quando se transforma. Como disse Jaime Lerner “Quem cria, nasce todo o dia”.
Fez dia 14 de abril exatamente um ano que a passagem de automóveis foi proibida no tabuleiro inferior da Ponte de Luís I, na ligação das zonas ribeirinhas de Vila Nova de Gaia e do Porto, priorizando os modos sustentáveis de mobilidade.
A ponte centenária, que esteve quase ano e meio fechada para obras de requalificação, aproveitou a oportunidade, e bem, para renascer com novo propósito de mobilidade: traduzir-se numa ponte que unisse pessoas em forma de andar a pé, de bicicleta, ou de transporte público, reforçando a ligação entre a zona histórica Património da Humanidade e a frente ribeirinha de Gaia.
Hoje, passado um ano, continuo a aplaudir com entusiasmo esta medida política sem medo, na esperança que não recue, mesmo sabendo que algumas cedências, por pressão dos moradores, foram realizadas durante este ano, no horário noturno.
Sabemos que são múltiplas e divergentes as opiniões sobre o tema, entre comerciantes, habitantes, operadores de turismo, visitantes, entre outros, mas a urgência na descarbonização das cidades, em particular dos núcleos mais densos e históricos, associado ao direito do usufruto dos espaços públicos que as cidades contêm, a humanização, exigem opções de menos carros para mais pedonalização.
Estas políticas de mobilidade são irreversíveis, as únicas que possibilitam anular o tráfego de atravessamento, libertando pressões sobre o Centro Histórico, permitindo, com segurança, andar a pé, contemplar a paisagem urbana do Douro, e, sobretudo, observar a ponte enquanto obra de arte.