A vida normal chegou. A intensidade invade as tarefas. A primavera ajudou com as vagas de sol. Os cadernos enchem-se, o calendário está denso. Mas o aperto dos programas ameaça a tranquilidade.
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Cumprir é dever, mas, sendo infindáveis e rígidos, serão corridos contra o tempo. Neste tempo de exceção, nem ponderados foram pela tutela. As escolas, as verdadeiras protagonistas do processo, foram as únicas a levantar esforço, a formular adaptações, a conformar as soluções possíveis ao contexto e oportunidade criados. E, percebeu-se, é a elas que se deverá um dia a verdadeira reforma do ensino a surgir neste país. A inércia de quem tutela o ensino nem analisou, nem considerou o que as escolas produziram de melhor. Os contributos que as escolas criaram não foram aferidos; não se estudaram, até agora, as melhores soluções, produzidas nas diferentes escolas do país; não se pesou seriamente, por preconceito, a relevância educativa que o ensino privado tinha e ganhou, por agora, no contributo que dá à sociedade; agravaram-se muitos dos problemas do ensino público que, fossem resolvidos por quem de direito e obrigação, transformá-lo-iam num ensino excelente, a avaliar pelo nível dos seus intervenientes. Veja-se o caso das colocações de professores: permanecerá intocável. Incompetência ou negligência? Dizer que este ano letivo não foi uma oportunidade é falta de jeito de quem não sabe, ou impreparação de quem não devia, por não ver o que aconteceu em tudo de único. A cantiga diz, quem sabe faz a hora, não espera acontecer. Este ano letivo corre o risco de não ser oportunidade, pois quem deveria não quis. As escolas, que perceberam, já preparam o próximo ano letivo. Elas querem ser as autoras da oportunidade. Pois ela não cai do céu.
Professor de História no Colégio D. Diogo de Sousa, Braga