O que se passou nos jogos do F. C. Porto contra o Benfica e Sporting mereceria uma análise séria por parte dos comentadores televisivos e imprensa - aqueles que são bacteriologicamente puros, não têm clube e que nos iam libertar do facciosismo dos adeptos.
Corpo do artigo
O facto de os adversários diretos do brasão abençoado serem agraciados com a possibilidade de ter um regime disciplinar especial que lhes permitiu acabar com onze jogadores quando a lei geral impunha o contrário não fez franzir o sobrolho do mais independentíssimo dos analistas.
O que os revoltou foi o facto de o banco do F. C. Porto ficar aborrecido e expressar a sua revolta. Isso é que é intolerável. Um verdadeiro atentado ao futebol e o treinador do F. C. Porto, diretores e restante grupo não gostarem que a equipa seja prejudicada e vítima de uma dualidade de critérios gritante. Uma vergonha o míster Conceição dizer alto e em bom som que a sua equipa viu o seu trabalho e o dos seus jogadores defraudado em jogos importantes.
O objetivo é tão evidente que dá para pensar se de facto querem fazer de nós estúpidos ou se será apenas descaramento. Estamos cansados de saber que nos querem calados, bem-comportados e que aguentemos como cordeiros os involuntaríssimos erros. E, claro, temos que depois aguentar sem pestanejar e de cabeça baixa o discurso chapa três: "Pois, talvez o árbitro e o VAR, coitados, se tenham enganado, mas isso não pode servir como desculpa". Sem dúvida nenhuma, geniais cavalheiros, jogar contra dez ou nove é a mesmíssima coisa, não limita em nada a prestação de uma equipa.
Sabemos muito bem o que é a pacificação do futebol português na voz duns papagaios que debitam as suas verdades sem contraditório ou escrutínio: é o F. C. Porto deixar-se subjugar. Tenho uma novidade para eles, estão a perder tempo.
Ver jogadores do F. C. Porto que no princípio da época hesitavam em meter o pé e pensavam que teriam lugar na equipa só porque tinham nome a deixarem agora tudo em campo é o melhor elogio que se pode dar à liderança da equipa.
O vídeo que anda a circular em que Jorge Jesus se queixa, na primeira parte, dos efeitos da pandemia no plantel e, na segunda, diz que isso não é problema nenhum é divertido. Mas mais divertido é ver o que para aí se assobia para o ar com os resultados do maior investimento de sempre do futebol português.
*Adepto do F. C. Porto
