Corpo do artigo
O colega Carlos Nárdiz acaba de me presentear com um magnífico livro de sua autoria, que vou ter a honra e gosto de ler: “El paisaje en la ingeniería”. Fiquei radiante, folheando o livro sem cessar. Pontes e estradas, ruas e caminhos, edifícios e portos, barragens e aquedutos entre ferrovias e autoestradas que se abraçavam nos nós de Marc Augé, designados de interfaces ou não-lugares.
Senti, nesse momento, que finalmente alguém escrevia sobre um dos pilares maiores da humanidade: a engenharia, enquanto arte de construir, capacidade de criar, inovar e desenvolver inteligência.
As suas folhas não continham as habituais narrativas técnicas desta ciência exata, que sempre acreditei visualizar, sem ver.
A engenharia sempre desempenhou um papel crucial no avanço tecnológico, no desenvolvimento de infraestruturas e na solução de problemas complexos. Esse é o lado humanitário desta profissão, que vai muito para além do betão, do ferro ou dos materiais construtivos. A engenharia suporta a beleza, a escultura da peça desejada pela arquitetura, com o objetivo de a transformar numa obra de arte a marcar os lugares e as cidades como elementos de referência e memória.
Ao longo dos tempos foi desenhando as paisagens e ajudando o Homem na sua sobrevivência aos territórios e ao seu habitat, à saúde e à segurança contra as intempéries, à utilização dos recursos naturais e energéticos e, hoje, presente no mundo tecnológico, continua a permiti-lo sonhar para além do seu limite.
A engenharia é muito mais do que se vê.
Exige-se que volte a ser valorizada para fazer parte das narrativas poéticas das paisagens guardadas dentro dos livros.

