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Depois de uma década de crescimento sustentado, a percentagem de mulheres no Governo de Portugal desceu. Em política, todos os sinais contam. Atendendo ao momento que atravessamos, polvilhado por movimentos contrários à paridade que após quase um século de hibernação voltam a colocar a cabeça de fora, teria sido sensato uma preocupação acrescida neste sentido por parte de Luís Montenegro, apesar de a lei não prever quotas para a composição do Executivo.
É evidente que os fatores fundamentais para a escolha de ministros e secretários de Estado são o mérito, o conhecimento das pastas e, claro está, a confiança política. Se a igualdade de oportunidades fosse uma realidade, num mundo perfeito que não existe, esta preocupação nem sequer devia ser tida em conta. Como não é assim, a imparidade deste Governo merece reflexão.
Em Portugal há mais mulheres do que homens. E elas também comandam na formação académica. No entanto, estão em minoria nos cargos de liderança e são discriminadas em termos salariais, um sinal de que o elevador social e empresarial sobe a velocidades diferentes consoante o género. No século XXI, isto é inadmissível, pelo que os órgãos representativos dos cidadãos deviam ser os primeiros a contrariar este tipo de discriminação, tantas vezes disfarçada de um certo paternalismo que tresanda a retrocesso civilizacional.