A Pousada de Santa Luzia oferece uma soberba vista sobre a cidade de Viana do Castelo. Aquele é o sítio ideal para, vendo bem, desenhar no ar uma metáfora cuja colagem à realidade se faz em passo estugado e certeiro: as potencialidades do Minho estão ali, à mão de semear, e há cada vez mais gente interessada em agarrá-las com as duas mãos. O céu parece alcançável, lá no topo. O sucesso da região minhota também.
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Foi ali que, na passada quinta-feira, 70 entidades regionais assinaram o Pacto Territorial Alto Minho 2020. A expressão é pomposa na aparência, mas muito substantiva na essência. Trata-se de um documento onde está alicerçada a estratégia que a região deve seguir tendo em conta as diretrizes do próximo quadro comunitário de apoio (2014--2020) e tendo em conta, sobretudo, a inescapável dicotomia entre o local/regional e o global. Isto é: tendo em conta que, hoje, qualquer problema local se resolve melhor num quadro regional e que não há motivo nenhum para que o global não seja o mercado a considerar.
Tive a oportunidade, o gosto e, sobretudo, a sorte de, durante cerca de dois anos, acompanhar boa parte das sessões que haveriam de dar corpo ao estudo que a Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho pediu ao professor Augusto Mateus, ex-ministro da Economia, garantindo assim e logo à partida a qualidade do trabalho. Ouvi lamentos e deceções, anotei esperanças e aptidões. Mas saí sempre de cada tarde ou noite de trabalho com a certeza de que tinha estado com gente que faz parte do país que avança, ou que teima em fazer coisas que empurrem a região - e o país - para a frente.
Manda a verdade que se diga o seguinte: há no Alto Minho autarcas, empresários, instituições e pessoas distintas, fortes, carregadas de vontade, cheias de ideias e projetos, temerários e nunca temerosos aos ventos fortes que a mudança traz. E sabem organizar-se sem se atropelarem, coisa que fica bem evidente quando se conhece o trabalho congregador da CIM do Alto Minho.
Como se consegue isto? Usando a estratégia do eixo da roda. A velocidade alucinante a que o Mundo corre (a roda) obriga a respostas ágeis e rápidas. Perceberemos melhor como responder às exigências se conhecermos, mantivermos e explorarmos os nossos valores (o eixo). Julgo que quando Augusto Mateus propõe como eixos para o Alto Minho a criação de riqueza, a capacidade para atrair pessoas, a resiliência e a conetividade, está a propor que se avance, sim, mas que se avance tendo a noção clara de que tudo é moderno, mas tudo é também tradicional.
O percurso mais fácil deste caminho está concluído. "O mais difícil é sempre fazer, não é ter conhecimento ou simplesmente saber fazer", resumiu Augusto Mateus. Só assim o país avança. O Alto Minho está a avançar.