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Bem sei que é Dia de Portugal, mas deixem-me lembrar os holandeses, que acabam de tornar obrigatória, no Básico e no Secundário, a disciplina de Educação para a Cidadania. Eles sabem que há nutrientes que não vêm no leite.
Ora, e também é da cidadania prevenir: se nada de verdadeiramente importante fizermos acontecer agora, nas políticas de apoio ao povoamento, à natalidade e à imigração, dentro de meio século haverá menos dois milhões de portugueses a cantar o hino e a honrar a bandeira, ao menos no 10 de junho. As previsões são da Comissão Europeia e antecipam o retrato desolador de um Portugal a minguar de gente, a recuar no território, a envelhecer e, pior ainda, mais pobre, coisa que não há de dar jeito nenhum.
Mas volto ao dia nacional, coisa que os países inventaram para reforçar os vínculos de identificação, na sua pluralidade cultural e política. Uns invocam descobertas, independências e outras glórias. A destoar, entre guitarras e fado, só mesmo nós, a fazer coincidir a festa com o dia da morte de um poeta.
Hoje, o nosso presidente leva-nos num abraço ao encontro dos portugueses dos Açores e da América e, com eles, aos quase cinco milhões nas comunidades espalhadas pelo Mundo, a nossa diáspora. E da sua boca escutaremos palavras de estímulo e desafio, porque só é possível vencermos se acreditarmos e fizermos por isso.
Nada menos se espera, aliás, da nossa seleção no Mundial de Futebol. A cantar o hino e a vibrar com ela, calçamos chuteiras e puxamos dos tremoços. As emoções podem oscilar entre a euforia e o pessimismo depressivo, como se este faduncho bipolar fosse a sina identitária da nação portuguesa. E podem até nem ganhar. Até ver, porém, os nossos rapazes chegaram a Moscovo como campeões europeus, entre os melhores. Oxalá assim fosse com muitos portugueses. A começar nos políticos.
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