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Saltando de tema em tema e de crise em crise, Donald Trump está a fazer um esforço tremendo para obter reconhecimento como um presidente da Paz, agora até ajudado por Cristiano Ronaldo, de quem recebeu uma camisola com os dizeres "A jogar pela paz". Uma ligação abençoada, dias depois, com uma visita à Casa Branca na comitiva do pacífico príncipe herdeiro, do pacífico reino da Arábia Saudita. Tão pacífico que há mesmo quem deixe de emitir ruídos, para não perturbar, como o jornalista Jamal Khashoggi, morto a mando do regime, segundo acreditam os EUA. Mas isso não interessa.
Para Trump, o importante é que o nome esteja associado a processos de paz, mesmo que as partes envolvidas não se tenham apercebido do papel fundamental do norte-americano para o arrefecer dos conflitos. Após ter conseguido um avanço real no processo de cessar-fogo em Gaza, ainda que recheado de violações, Trump decidiu agora finalmente cumprir a promessa de calar as armas na Ucrânia. Mais um processo de paz à força. Sem ouvir os ucranianos, apresentou um documento com 28 pontos, que até poderá ter sido gizado no Kremlin, segundo terá dito Rubio: já que a Rússia ocupou território ucraniano, que fique com ele. E Kiev tem até quinta-feira, Dia de Ação de Graças nos EUA, para aceitar, senão arrisca perder o apoio do aliado transatlântico.
Nas alíneas do documento, basta olhar com mais cuidado, estão as verdadeiras razões para a necessidade de paz. O Nobel é uma motivação folclórica e humorística, para distrair do que interessa sempre com Trump. O negócio. "Os EUA vão receber uma compensação pela garantia" de segurança e certamente vão estar no negócio do "esforço conjunto de reabilitação das áreas afetadas". Não falharão o "reconstruir, desenvolver, modernizar e operar a infraestrutura de gás, incluindo gasodutos" e a "extração de minerais e recursos naturais". Para além de ter interesse na criação de um fundo ucraniano, para investir em tecnologia, centros de dados e inteligência artificial. Um manancial de possibilidades para Trump, amigos e família.

