Esta semana assinalaram-se dois anos desde o início da guerra entre Israel e o Hamas. O tão aguardado cessar-fogo parece, finalmente, ao alcance, sustentado por um acordo que prevê a libertação de reféns e prisioneiros: o Hamas aceita libertar os 48 reféns mantidos em Gaza, dos quais as autoridades israelitas estimam que "cerca de 20" ainda estejam vivos, enquanto Israel libertará cerca de dois mil prisioneiros palestinianos.
Corpo do artigo
Entretanto, a devastação no território é quase absoluta. As doze instituições de ensino superior e quase todas as escolas da Faixa de Gaza foram reduzidas a ruínas e o número de mortos ultrapassa os 64 mil, muitos deles crianças e a maioria civis. Mais de duas mil pessoas morreram junto, ou a caminho, dos pontos de distribuição de ajuda da Gaza Humanitarian Foundation, chamam-lhes "os mártires da fila do pão".
Mesmo que o cessar-fogo se concretize, um dos grandes desafios será a reconstrução de um território onde já pouco resta para reconstruir. Os investigadores das universidades de Oxford e Edimburgo estimam que serão precisos quarenta anos para remover e processar os escombros. Mas o que mais assombra não é apenas o que foi destruído, é o que se perdeu dentro de cada ser humano. É inevitável. As cicatrizes desta guerra vão marcar as gerações seguintes.
No final, a vitória mede-se na capacidade de um povo olhar o outro e ainda reconhecer nele um ser humano. Quando o diálogo pesar mais do que a vingança, talvez então se possa falar em paz. Até lá, enquanto essa visão for ofuscada pelo ódio, qualquer triunfo será apenas aparente.