Aquecimento global, escassez de recursos, sustentabilidade... são palavras que ouvimos diariamente nos mais diversos espaços e meios, procurando consciencializar os cidadãos para a urgência de impor limites ao consumo desenfreado e de encontrar as soluções mais sustentáveis para as nossas compras, indispensáveis ou nem tanto.
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Mas como saber qual a opção mais sustentável para o que procuro? O que devo privilegiar no momento de compra de uma simples t-shirt, para saber que estou a fazer a opção mais correta para o planeta? Deverei focar-me apenas na composição? E quão sustentável é o algodão? Depende da sua origem e práticas de cultivo ou a proveniência é indiferente? E a cor? Se for preto é pior? E poderei ter duas t-shirts iguais, com a mesma composição, tamanho e cor, mas com impactos ambientais que podem ser diferentes (por ex., por terem sido tingidas e acabadas em equipamentos obsoletos que consomem muito mais água e energia ou por terem necessidade de um processo de retingimento)?
Facilmente se percebe que não existem verdades absolutas e muito menos fórmulas lineares que permitam uma metodologia clara e isenta para o cálculo da pegada ambiental e social de um determinado produto. Por este motivo, e pela urgência da temática, tem-se discutido nos últimos meses o estabelecimento do DPP (do inglês, digital product passport), ou seja, o passaporte digital do produto.
Através do DPP, é possível promover a rastreabilidade e a transparência em toda a cadeia de valor, bem como disponibilizar dados relativos ao uso e ao impacto ambiental de um determinado produto, incentivando o consumo responsável e a transição para uma economia circular, fatores cruciais para a sustentabilidade da indústria têxtil.
Desenvolver e testar uma metodologia inovadora para o passaporte digital do produto têxtil, que permitirá cumprir com os desafios impostos, é um dos objetivos do be@t. Apoiado pelo PRR - Plano de Recuperação e Resiliência e os Fundos Europeus Next Generation EU, este é um grande projeto nacional de bioeconomia na têxtil, que promete mudar o paradigma da ITV (indústria têxtil e de vestuário) nacional e que é apresentado publicamente a 11 de maio, no Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões.
*Diretora do Departamento de Química e Biotecnologia do CITEVE