A casa da Democracia está maior. O Governo, também ele grande, foi debater o seu programa à casa da Democracia, mas, no final da maratona de intervenções e período de perguntas e respostas, é difícil perceber como estará o país daqui a quatro anos.
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De uma forma geral, os deputados, o primeiro-ministro e o líder da Oposição cumpriram a missão. É certo que alguns ainda não fecharam a porta à campanha eleitoral, na forma, e outros ainda utilizaram parte dos apontamentos usados em comícios, no conteúdo. Mas não nos devemos envergonhar da nossa casa da Democracia, mesmo que o debate do programa do Governo tenha sido eclipsado por alguns profissionais de soundbites. Mas faz parte, desde que não levem para o Parlamento a aspereza e as ofensas tão típicas das redes sociais, por muita exposição, likes e views que consigam. Quanto às promessas, às estratégias, aos acordos, teremos de esperar para ver. E se olharmos com atenção para outros parlamentos, temos até de ter um certo orgulho no nosso. Basta atentar no melodrama e nas reviravoltas infindáveis na Câmara dos Comuns a propósito da saída do Reino Unido da União Europeia.
O que nos deve preocupar não são as buzinadelas, mesmo as que são dadas por tudo e por nada. O que nos deve preocupar é o ruído propositado e ao serviço de estratagemas partidários, como aconteceu com o chumbo no Parlamento Europeu de propostas de resolução sobre operações de busca e salvamento no Mediterrâneo. O que nos deve mesmo preocupar não são os dedos acusadores apontados ao rosto de cada um, nem as denúncias trocadas entre a Esquerda e a Direita europeia. O que nos deve preocupar é que, neste caso, os eurodeputados não se conseguem entender sobre resgates no Mediterrâneo. E quando os políticos não se unem para salvar vidas humanas, é muito mau prenúncio. A prioridade são sempre as pessoas. E é este princípio que todos esperamos que seja seguido pela nossa casa da Democracia. Que nos encha de orgulho e não de vergonha.
Diretor-adjunto