O Papa Francisco pediu que não deixássemos inquinar o Natal pelo consumismo e pela indiferença. Fê-lo no encontro com as delegações que ofereceram a árvore de Natal e os presépios que estão expostos na Praça de S. Pedro e na Sala Paulo VI, no Vaticano, desde o passado dia 10.
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O presépio da Sala Paulo VI foi construído por um grupo de jovens de uma paróquia italiana da diocese de Pádua. O cenário é um típico abrigo para animais do Planalto de Asiago, da região italiana do Véneto, decorado com ferramentas e utensílios usados pelos camponeses nessas paragens. Ele traduz bem a pobreza em que nasceu o Salvador do Mundo.
O monumental presépio, que este ano decora a Praça de S. Pedro foi elaborado por cinco artistas da aldeia Chopcca de Huancavelica, nos Andes peruanos. "As personagens do presépio, construídos com materiais e vestimentas próprias desses territórios, representam os povos andinos e simbolizam o chamamento universal à salvação", explicou o Papa.
Jesus, Maria e José são uma típica família Chopcca. O nascimento de Jesus é envolvido por várias cenas da vida quotidiana da comunidade huancavelicana, com as suas vestimentas, particularmente coloridas, as suas artes e ofícios. Está também representada a biodiversidade andina, com as suas plantas e animais, nos quais se destaca o condor andino, símbolo nacional do Peru, que comemora os duzentos anos da sua independência.
O Natal é a dinâmica de um Deus que se aproxima da Humanidade e se humilha ao nascer pobremente em Belém. Com isso demonstra que não é indiferente ao sofrimento humano e que incarna para a todos salvar, seja qual for a sua condição social, língua, cultura ou nação. É um Deus com uma particular predileção pelos desfavorecidos, pelos mais pequenos e os mais pobres.
O Natal não deverá, por isso, ser um pretexto para consumir desenfreadamente, mas antes uma oportunidade para olhar com os olhos de Deus os mais desafortunados. O Natal não impõe uma tradição cultural, antes traduz o nascimento de Jesus nas mais diversas línguas ou culturas. Deus incarnou na cultura judaica, mas quis ser anunciado aos gentios.
*Padre