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Mudam-se os tempos, as mentalidades, as personagens, as formas de atuar e comunicar, mas o F. C. Porto de André Villas-Boas mantém intacto o ADN a que nos habituou nas últimas quatro décadas, quando o homem do leme era Pinto da Costa. Um F. C. Porto que nunca desiste perante as adversidades, e são muitas as que tem pela frente, devido à precária situação financeira, mas que, depois de juntar ao palmarés mais uma Supertaça, conquistada de forma incrível e heroica, ambiciona ganhar tudo o que há para ganhar.
Com um défice superior a 500 milhões de euros, muitos começaram a duvidar da capacidade do F. C. Porto para enfrentar o mercado de transferências e fazer os reajustes necessários no plantel. Enquanto os principais rivais investiam dezenas de milhões de euros em novos jogadores, aos olhos da maioria o F. C. Porto estava resignado à falta de liquidez. Os dias foram-se passando e, com o fecho do mercado a aproximar-se a passos largos (2 de setembro), entre os portistas gerou-se alguma apreensão.
Mas, para surpresa de muitos, Villas-Boas tirou da cartola vários trunfos e de uma penada preencheu quase todas as lacunas do plantel. A milionária venda de Evanilson abriu caminho à chegada de reforços, alguns deles guardados nos segredos dos deuses, como Samu Omorodion e Deniz Gul.
Resolvidas as situações de David Carmo e Francisco Conceição - a saída era inevitável, para própria proteção do filho do ex-treinador -, logo chegaram Nehuén Pérez e o regressado Fábio Vieira.
O que vemos em pouco mais de 100 dias de mandato é uma gestão desportiva e financeira coerente, em que o dinheiro disponível é gasto em jovens que possam vir a ser rentáveis no futuro. Das conquistas aos problemas, a herança é pesada, mas a revolução tranquila liderada por Villas-Boas mostra ter pernas para andar de mãos dadas com o sucesso e continuar a reforçar a ligação entre os adeptos e o clube.