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O último fim de semana trouxe um dado novo, expectável mas indesejado, de confrontação numa manifestação de rua entre manifestantes e polícia. Nada que não seja normal "lá fora, Paris o melhor exemplo", mas "novidade" entre nós.
É preciso reconhecer que a CGTP tem o mérito de "controlar a rua", organiza, lidera mas controla também "excessos", ou seja, afirma capacidade mobilizadora mas "dentro das regras". Contudo, "a rua hoje está diferente", nem os protestos são os mesmos nem a ideologia deles tem a mesma base, ou seja, é mais vulnerável a extremismos sejam espontâneos ou manipulados.
O descontentamento tem outras bases, a adesão é mais extensa, as ideologias e manipulações partidárias mais heterogéneas, os riscos de conflito maiores até pelos exemplos vindos da Europa. Mesmo reconhecendo que somos "pacíficos", pouco dados a "revoltas públicas".
Mas as situações mudam e quem governa tem de pensar nisso, não chega só o suporte popular eleitoral cíclico, é preciso senso e qualidade de governação, respeito de compromissos e capacidade de ação em conformidade com as novas exigências populares.
Vivemos uma crise mundial, taxas de inflação a que não estávamos habituados, agravamentos de custos de vida que "lixam sempre o mesmo mexilhão" e não pode estranhar-se que ele se queixe. Pois "o corpo é que sofre" como diria Variações e, no meio disto, quem lucra são os mesmos, incluindo o Estado parte ativa no "negócio".
Para dizer que todos esperam mais do Estado, no caso, do Governo e do Poder. Capacidade para fazer "estas leituras" e preparar respostas em tempo útil, profissionalismo responsável na gestão dos interesses coletivos, que se deve pedir a todos, eleitos ou contratados, público ou privado.