O Papa Francisco canonizou no domingo dez novos santos. Não passaram a ser santos a partir desse dia: já o eram! A Igreja limitou-se a reconhecer a sua santidade.
Corpo do artigo
Foram canonizados seis homens e quatro mulheres, oriundos da Itália, França, Índia e Países Baixos. Tinham as suas limitações e as suas fragilidades. Aprenderam, contudo, a gastar-se ao serviço do outro. "Descobriram uma alegria sem par e tornaram-se reflexos luminosos do Senhor na história", disse o Papa na homilia da missa da canonização na Praça de S. Pedro, no Vaticano.
Por vezes faz-se dos santos uma espécie de semideuses, a quem recorremos em necessidades particulares. Esquece-se que foram homens e mulheres como qualquer outro ser humano e trilharam um caminho acessível a qualquer um.
"Às vezes, insistindo muito sobre o nosso esforço para praticar boas obras, criamos um ideal de santidade demasiado fundado em nós mesmos, no heroísmo pessoal, na capacidade de renúncia, nos sacrifícios feitos para se conquistar um prémio", alertou o Papa.
Só que santidade não é algo de estratosférico, vive-se no dia a dia. "A santidade não se faz de alguns gestos heroicos, mas de muito amor diário", disse o Papa. Está ao alcance de todos: consagrados e casados, pais e avós, trabalhadores e autoridades. "És um trabalhador, uma mulher trabalhadora? Sê santo, cumprindo com honestidade e competência o teu trabalho ao serviço dos irmãos e lutando pela justiça a favor dos teus companheiros, para que não fiquem sem trabalho, para que tenham sempre o salário justo", exemplificou o Papa.
Ser santo, no fundo, como disse o Papa, é "deixar-se transfigurar pela força do amor de Deus". É "viver as tarefas de cada dia em espírito de serviço, com amor e sem alarde".
Há muitos mais santos do que imaginamos. Alguns, aos poucos, vão sendo reconhecidos.
*Padre