Corpo do artigo
A saúde mental é uma prioridade incontornável nas políticas públicas europeias. A criação, em 2024, da Comissão de Saúde Pública no Parlamento Europeu representa um marco decisivo rumo a uma abordagem mais integrada, estratégica e transversal. Mas esta nova visão exige um compromisso político coletivo, para além de ideologias, com foco na dignidade humana, bem-estar e coesão social.
Recorde-se que em 2023, o relatório sobre o “Estado da saúde na União Europeia” (UE) evidenciou a urgência de apostar em reformas dos cuidados de saúde mental, com especial ênfase na prevenção, no tratamento e na reintegração. Uma realidade que os impactos da pandemia acentuaram ainda mais, com a prevalência de perturbações mentais a aumentar em 25% e os casos de depressão entre jovens a duplicarem. Em Portugal, 22% da população foi afetada por problemas de saúde mental em 2019, com a maior percentagem de mulheres com depressão na UE.
Por isso, torna-se emergente incentivar a UE e os seus estados-membros a trabalharem em direção a uma abordagem mais estratégica, holística e concertada para a saúde mental, incluindo o desenvolvimento de políticas e programas de apoio à saúde mental com objetivos concretos e mensuráveis. O acesso universal a cuidados de saúde mental, o financiamento de programas de prevenção em contexto escolar e laboral, a aposta na recolha sistemática de dados de saúde mental à escala da UE, a digitalização dos serviços e a criação de uma diretiva sobre saúde psicossocial no trabalho são passos fundamentais.
Barcelos, enquanto a 1.ª Capital Mundial da Saúde Mental, surge como exemplo de liderança local, nacional e internacional, mostrando que é possível criar redes entre municípios, universidades, organizações e governos. Assim, a saúde mental deve ser integrada em todas as políticas e impulsionar um pacto europeu para a saúde mental: colaborativo, contínuo e centrado nas pessoas. Esta distinção colocou, coloca e colocará Barcelos no topo da excelência mundial da saúde mental, contribuindo para consolidar Barcelos como um dos concelhos pioneiros no desenvolvimento de respostas para um problema tão presente na sociedade atual e (re)lançando o desafio à Comissão Europeia para estabelecer um ano europeu da saúde mental e a criação de um conselho europeu de saúde mental.